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Quase todas as listas ensaiam uma espécie de renovação. Para que tudo continue igual

Boa noite!

Conhecidas que estão as listas de candidatos dos principais partidos às próximas Regionais percebe-se que quase todos os partidos ensaiam uma espécie de renovação, seja pelo regresso dos que nunca foram ou pela promoção dos incómodos. Só que na essência, pouco ou nada muda. No topo e na base.

Conhecidas que estão as listas de candidatos dos principais partidos às próximas Regionais é fácil perceber que quase todas forças políticas padecem do mesmo e grave problema já que, manifestamente, são incapazes de seduzir cidadãos independentes. E das duas uma: ou não fizeram quase nada para convencer gente com mérito a servir a causa pública, evitando assim dramas internos desgastantes e justificações de circunstância perante os seus, sobretudo junto daqueles que militam nos partidos apenas porque exigem ocupar lugares de destaque disponíveis ou imaginários; ou então levaram nega dos talentosos com ideias e com futuro, mas que não estão minimamente disponíveis para misturar-se com as más companhias da ‘classe’ descredibilizada e ainda por cima submeter-se ao escrutínio permanente, à humilhação constante e aos delírios de dirigentes invejosos, vingativos e voyeuristas.

Conhecidas que estão as listas de candidatos dos principais partidos às próximas Regionais é detectável que os mestres da táctica ou da estratégia preferem que tudo continue circunscrito aos seus núcleos duros convenientes do que entregue,  à vez, a quem sendo crítico merece uma oportunidade para fazer melhor ou diferente, promovendo quem é pródigo em comentários ou palpites a decisores responsáveis. Mesmo que haja excepções, a lógica dominante é avessa à frontalidade.

Conhecidas que estão as listas de candidatos dos principais partidos às próximas Regionais  sobra  a sensação que alguns dos nossos melhores não precisam da política para nada também porque não sentem que sejam  compatíveis com os esquemas vigentes, a que muitos dos que se disponibilizaram para integrar candidaturas são alheios, muito assentes no redutor princípio de que a lista “é o que se pode arranjar”.

Conhecidas que estão as listas de candidatos dos principais partidos às próximas Regionais constata-se que há mais preocupação em garantir conforto aos que chegam ao fim de ciclo, do que espaço para irreverência construtiva da nova geração de políticos. Transformar a ALM numa espécie de centro de dia para autarcas que em 2025 terminam mandatos é a prova cabal de que há algo de errado no sistema.

Conhecidas que estão as listas de candidatos dos principais partidos às próximas Regionais fica claro que há maior preocupação em satisfazer as sensibilidades territoriais do que as competências essenciais e as clientelas habituais do que os novos talentos. Esses podem esperar sentados.

Mas há mais. Conhecidas que estão as listas de candidatos, os principais partidos que vão disputar as próximas Regionais não disfarçam fragilidades:

PSD.  44,9% das sensibilidades internas do partido não estão representadas na lista encabeçada por Miguel Albuquerque. E como o DIÁRIO tornou público não era essa a vontade do presidente do partido. Só que os amuos fazem escola e deitam por terra a melhor das intenções. Manuel António Correia e os seus extremosos apoiantes não querem ter mesmo nada a ver com o resultado eleitoral que vier a ser alcançado pelo PSD a 26 de Maio. Não foram inteligentes. Se a coisa correr bem para Albuquerque sofrem nova derrota, desta feita imposta pela sociedade que alegadamente ganharam em Março. Se correr mal vão ser apontados a dedo como culpados pelo desaire eleitoral. Se foram convidados e recusaram, descuidaram-se, foram egoístas e não serviram a democracia.

PS. Por muito que Paulo Cafôfo tente passar a ideia de “excelência”, a lista deixa de fora alguns dos mais capazes do PS-M e, sempre em mudança, faz tábua rasa da argumentação produzida há 6 meses. Ilusionismos à parte, não sei se já deram conta mas o candidato único a líder da JS Madeira e actual Secretário Geral da estrutura relegada para segundo plano, não foi tido, nem achado. Assim sendo, o futuro líder da JS ficará fora do Parlamento na próxima legislatura. Diogo Martinho Henriques já deve ter  percebido que é bem mais fácil ganhar uma disputada eleição na Associação Académica de Lisboa do que colher simpatias na Rua da Alfândega.

JPP. As 'primárias' -se é que as houve fora do âmbito familiar para as Regionais já que pelos vistos para as Autárquicas as regras são outras -neste partido cujo cabeça-de-lista convive muito mal com a crítica,  ditaram mais do mesmo. Cumpre-se a saudável regra que "não há mal que sempre dure", sendo agora evidente que enquanto houver papel para lamber, a fórmula umbilical é para manter. 

CDS. José Manuel Rodrigues surpreende. Inclui nos cinco primeiros nomes alguns dos que estavam riscados na era Barreto e renova a cúpula do partido de modo a tentar captar um eleitorado que não se revê nas caras de quase sempre. Resta saber se tem tempo para convencer os que usam as eleições para protestar que para dar o merecido lugar aos novos tem que obter votos.

Chega. Pouco se sabe oficialmente sobre as desavenças que motivaram a demissão da vice-presidente e deputada Maíza Fernandes. Cessou funções no cargo sem passar pela assessoria de comunicação. E despediu-se no  Facebook, o sítio indicado para alimentar suspeitas que Miguel Castro não honra estatutos, não reúne e não respeita a diversidade. E assim se faz um ‘big brother’ que muitos não dizem ver, mas que sobe nas audiências.

* Na versão podcast, o 'Boa noite' de hoje aborda o alegado défice autonómico denunciado por Jardim e detectado por Francisco Gomes ao ler sem óculos o programa de governo.