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Peças em vimes de Agostinho Freitas doadas ao IVBAM

Parte deste acervo está em exposição no edifício do IVBAM, na Rua Visconde Anadia, no Funchal

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O Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira (IVBAM) recebeu, através de um acto de doação, um conjunto de peças em vimes elaboradas pelo artesão Agostinho de Jesus Freitas, falecido em Novembro de 2023.

Esta cerimónia de doação decorreu nas instalações do IVBAM, na presença da filha do artesão, Justina Nóbrega de Freitas, em representação da família e de Marisa Santos, vogal do conselho directivo do IVBAM, em representação deste Instituto.

A família de Agostinho de Jesus Freitas entregou ao IVBAM um conjunto de peças em vimes - composto por: um carro de bois, uma cabeça de boi para pendurar, duas girafas, um macaco, dois cavalos, um leão, cinco veados de diferentes tamanhos, uma caravela portuguesa, um cesto em forma de cisne, um cesto em forma de galinha, um cowboy, uma garrafa com tampa e dois cadeirões - "com o intuito de o legado do pai ser preservado, valorizado e perpetuado".

"O IVBAM valoriza e agradece o ato de confiança da família de Agostinho de Jesus Freitas e assume o compromisso de recuperar, expor e promover este conjunto de peças em vime, um legado de valor inestimável e bem representativo desta arte e ofício tradicional", sublinha o Instituto em comunicado de imprensa. 

De momento, uma parte deste acervo está em exposição no edifício do IVBAM na Rua Visconde Anadia, o qual poderá ser visitado.

Uma outra parte do conjunto doado vai ser alvo de avaliação, para posterior restauro.

A mesma nota revela que "é intenção do conselho directivo do IVBAM criar condições para expor permanentemente estas peças, num espaço de acesso ao público em geral em que se dê a conhecer o trabalho deste artesão, natural da Camacha, valorizando o seu trabalho e o sector dos vimes".

SOBRE O ARTESÃO

Agostinho Jesus Freitas é natural da Camacha, onde nasceu no dia 1 de Janeiro de 1933.

Faleceu no dia 10 de Novembro de 2023.

Foi um grande entusiasta da arte de trabalhar o vime, um exímio artesão e conhecedor como ninguém deste ofício, ao qual se dedicou desde os sete anos de idade.

Ao longo que vários anos trabalhou ao lado do seu pai na arte de trabalhar os vimes, no entanto, aos 40 anos, decidiu abrir o seu próprio ateliê e iniciar o seu negócio. Trabalhava com várias lojas no Funchal e no Continente português e através de um exportador as suas peças correram mundo.

O mestre Agostinho Jesus Freitas tanto trabalhava a obra leve, entendida como a elaboração de cestos de pequena dimensão, a obra média, entendida como a elaboração de peças de maior dimensão, nomeadamente cestos de diferentes tamanhos para funcionalidades domésticas e agrícolas, como trabalhava o mobiliário e outras peças de maior complexidade de execução.

Para além da componente mais prática e comercial do seu trabalho, desenvolvia uma vertente mais criativa, relacionada com a execução de peças diferenciadas, tais como animais, figuras humanas, caravelas e os tradicionais carros de bois. Com estas peças que produzia foi construindo um museu particular, em sua casa, onde mostrava, com orgulho, as peças por si imaginadas e construídas.

O seu trabalho e dedicação à arte de trabalhar foi realmente ímpar.