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Pelo menos 150 pessoas condenadas na Rússia por participação em homenagens a Navalny

FOTO ANATOLY MALTSEV/EPA
FOTO ANATOLY MALTSEV/EPA

A justiça russa condenou este fim de semana pelo menos 150 pessoas, detidas em homenagens ao opositor do regime Alexei Navalny, a penas de prisão por terem violado a legislação relativa a manifestações, segundo dados judiciais hoje divulgados.

Alexei Navalny, o principal opositor do regime do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu na sexta-feira, aos 47 anos, numa prisão no Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos de prisão sob "regime especial". A notícia da sua morte repercutiu-se em todo o mundo e, ainda na sexta-feira, no sábado e hoje, centenas de pessoas em dezenas de cidades russas acorreram com flores e velas a memoriais e monumentos improvisados em homenagem às vítimas da repressão política. Muitas dessas pessoas foram detidas.

De acordo com a Agência France Presse, só em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, os juízes condenaram, no sábado e hoje, 154 manifestantes a penas até 14 dias de prisão. Grupos de defesa dos Direitos Humanos e meios de comunicação social independentes deram conta de várias condenações semelhantes noutras cidades russas.

A família e outras pessoas próximas de Alexei Navalny acusaram as autoridades russas de tentarem "apagar o rasto" dos "assassinos" ao recusarem entregar o corpo do opositor russo à família. O serviço penitenciário federal da Rússia indicou que Navalny sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

As manifestações contra o Kremlin e outras ações públicas de oposição ao regime são ilegais na Rússia, nomeadamente ao abrigo da legislação que proíbe ajuntamentos não autorizados. Polícias fardados e à paisana patrulharam os locais, em dezenas de cidades russas, onde as pessoas se reuniram para homenagear Alexei Navalny. Durante a noite, foram vistos a desmantelar memoriais temporários e há imagens que mostram homens encapuzados a colocarem flores em sacos de lixo numa ponte perto do Kremlin, onde outro forte opositor de Putin, Boris Nemtsov, foi assassinado em 2015.

A morte de Navalny aconteceu um mês antes das eleições presidenciais na Rússia, que deverão permitir ao Presidente Vladimir Putin manter-se mais seis anos no poder.  Navalny estava preso desde janeiro de 2021, quando regressou a Moscovo após ter recuperado na Alemanha do envenenamento por um agente nervoso, que atribuiu ao Kremlin. Recebeu três penas de prisão desde a sua detenção, por uma série de acusações que rejeitou, considerando que na realidade tinham motivações políticas. Após o último veredicto, que lhe aplicou uma pena de 19 anos, Navalny disse que compreendia que estava "a cumprir uma pena de prisão perpétua", que se media pela duração da sua vida ou pela duração da vida do regime.