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UNRWA denuncia morte de trabalhador humanitário por disparos israelitas em Gaza

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Foto EPA

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) denunciou hoje que um trabalhador humanitário da sua organização foi morto a tiro pelo Exército israelita, enquanto outro ficou ferido, em Khan Yunis, no sudoeste da Faixa de Gaza.

"Em dois incidentes separados, as forças israelitas abriram fogo contra uma escola da UNRWA em Khan Yunis. Como resultado, dois trabalhadores ao serviço da UNRWA foram baleados e um morreu", destacou o responsável desta agência das Nações Unidas, Philippe Lazzarini, através da rede social X.

Segundo o comissário da UNRWA, o corpo do trabalhador não pôde ser recuperado, apesar das "múltiplas tentativas".

"Os trabalhadores humanitários não são um alvo, devem ser protegidos", frisou ainda Lazzarini.

Esta agência, que possui 13.000 funcionários, foi acusada por Israel de ter 12 elementos que participaram nos ataques do Hamas de 07 de outubro, um número posteriormente reduzido para metade e com Philippe Lazzarini a considerar inconsistente esse documento acusatório.

Diversos países decidiram suspender o financiamento à UNRWA, com destaque para os Estados Unidos, Austrália, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Finlândia e Japão.

Portugal foi um dos países a assumir uma posição distinta e anunciou inclusive um aumento do contributo para esta agência das Nações Unidas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, designou uma Comissão de investigação independente, liderada pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, com a colaboração de três institutos escandinavos.

O relatório só estará concluído em abril, e quando a situação humanitária na Faixa de Gaza está à beira do colapso.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 67.000, também maioritariamente civis.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.