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Canadá anuncia 27,5 ME para Gaza após suspender financiamento da UNRWA

Foto Shutterstock
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O Canadá anunciou hoje que vai atribuir 40 milhões de dólares canadianos (27,5 milhões de euros) para Gaza, após suspender as suas contribuições para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).

A verba será distribuída entre o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Comité Internacional da Cruz Vermelha e o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Ajuda Humanitária (OCHA).

O ministro do Desenvolvimento Internacional canadiano, Ahmed Hussen, referiu que os fundos disponibilizados serão atribuídos a "necessidades urgentes" causadas pela crise humanitária na Faixa de Gaza devido à ofensiva israelita.

Hussen disse em comunicado que o Canadá acredita que "é necessária mais ajuda, e não menos".

"Consequentemente, estamos a responder com financiamento de emergência adicional para que os nossos parceiros humanitários confiáveis e experientes possam continuar a garantir que este dinheiro chegue aos mais vulneráveis, num momento de necessidade", acrescentou.

Hussen foi encarregado de anunciar na sexta-feira passada que o Canadá suspenderá temporariamente as suas contribuições para a UNRWA, depois de Israel ter acusado uma dúzia dos 30.000 funcionários da agência de estarem associados ao ataque do Hamas em Israel, em 07 de outubro.

A decisão do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, de suspender temporariamente o financiamento da principal agência da ONU que fornece ajuda humanitária à população palestiniana foi duramente criticada por especialistas, académicos, ativistas e representantes da comunidade muçulmana no Canadá.

Na segunda-feira, o Conselho Nacional de Muçulmanos Canadianos, o principal grupo que representa a comunidade muçulmana no país, cancelou abruptamente uma reunião com Trudeau em protesto contra as ações do seu governo.

O Canadá também disse que não aceita "a premissa" do caso de genocídio apresentado pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e recusou-se a pedir a Israel que cumpra as medidas preliminares exigidas pelo tribunal para proteger os palestinianos.

A UNRWA anunciou na sexta-feira a decisão de rescindir os contratos de membros do seu pessoal que alegadamente participaram nos ataques do grupo islamita Hamas contra Israel em 07 de outubro.

No mesmo dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se horrorizado com o alegado envolvimento daqueles funcionários nos ataques e pediu uma rápida investigação, já em curso.

Em 07 de outubro de 2023, combatentes do movimento islâmico Hamas realizaram em território israelita um ataque que fez 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, dos quais mais de 100 permanecem em cativeiro.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora em Gaza mais de 26 mil mortos, mais de 65.000 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome.