Transportes arbitrários

Recentemente, foram reveladas práticas desonestas por parte de alguns taxistas tradicionais que cobraram ilegalmente quatro vezes mais do valor da tarifa aos clientes. Essas ações não só mancham ainda mais a reputação da indústria de táxis, como também prejudicam gravemente a confiança dos passageiros. Limitar os serviços dos TVDE, uma alternativa conhecida pela sua transparência e preços justos, apenas reforça o monopólio desses taxistas desonestos, deixando os consumidores à mercê de suas práticas predatórias.

Além disso, é importante reconhecer que esta decisão foi considerada inconstitucional pela provedora de justiça. Ao restringir indevidamente a oferta de transporte, o governo local está a violar os direitos dos cidadãos e a prejudicar a livre concorrência, princípios fundamentais de um mercado justo e equitativo, já que os obriga a optar por alternativas muito mais caras e muitas vezes sem a mesma qualidade: Não se esqueçam que ao usarmos plataformas como a Bolt our a Uber (que entretanto se pisgou da Madeira porque não está para lidar com medidas ridículas), é possível fazer avaliações dos taxistas e das viaturas directamente na plataforma, dando acesso a uma transparência que com os táxis convencionais não existe. Não esqueçamos também que com estas plataformas não há maneira de fugir a impostos, ao contrário dos taxistas, que na minha experiência, nunca perguntam se o cliente quer factura.

Os serviços de TVDE não só oferecem uma alternativa conveniente e acessível para os residentes e visitantes da nossa cidade, como também representam um modelo de negócio inovador que promove a concorrência saudável e melhora a qualidade dos serviços de transporte. Limitar arbitrariamente a sua presença é um retrocesso que compromete não apenas a escolha dos consumidores, mas também o desenvolvimento económico e tecnológico de nossa região.

Gosto de usar uma analogia com o mercado imobiliário para esta situação, relacionada com a crise de habitação acessível de que tanto se tem falado: Limitar os serviços dos TVDE é como ter casas novas, eficientes e acessíveis disponíveis para venda, mas forçar as pessoas a comprar casas mais antigas, menos sustentáveis, por um preço muito mais elevado. Até podemos comparar com os recentes acontecimentos na nossa política: É como fazer concursos para obras públicas, receber orçamentos muito inferiores de outros construtores, mas adjudicar à AFA, porque é local.

Embora seja essencial apoiar os negócios locais, é igualmente crucial prioritizar o bem-estar e as preferências dos residentes e visitantes da nossa cidade. E que tal termos mais TDVE´s a circular a preços justos e quem sabe, menos carros de aluguer a entupirem as nossas estradas?

Paulo Abreu