Os jovens de cá não são tão portugueses como os de lá?

A Madeira vai assumir os custos com as deslocações das equipas jovens (no caso presente, as do Marítimo, mas a medida é para todas as equipas que representarem a Região) nos campeonatos nacionais jovens de futebol e de futsal.

Isto porque Lisboa recusa-se a fazê-lo. Nem um tostão admite dar para que os jovens madeirenses possam participar nos campeonatos nacionais de futebol nas categorias de iniciados e juvenis.

O engraçado é que, mais uma vez, Lisboa vem dar com uma mão para logo tirar com a outra. Anunciou a integração das equipas das Regiões nos campeonatos nacionais de sub-17 e de sub-15, em vez de uma participação apenas numa fase final, onde as equipas madeirenses entravam sempre já a perder, face ao menor ritmo competitivo com que chegavam às fases de apuramento de campeão.

Mas, se esta foi a boa nova, logo veio a má notícia. O Governo da República decidiu não apoiar essa participação das ilhas, não assumindo os custos das deslocações dos clubes das Regiões. Contudo, apoia as deslocações até cá dos clubes continentais!

Enfim, ou Lisboa não quer, na prática, a participação das equipas das ilhas ou acha que os jovens de cá não são iguais aos de lá.

Porque, nas políticas de juventude, como na Saúde, na Educação, no Social, na emigração, enfim na generalidade dos sectores, a verdade é que Lisboa trata os portugueses de cá de forma diferente do que os portugueses de lá.

E com este Governo da República de António Costa as coisas só se têm vindo a agravar: só abordando questões relacionadas com os jovens veja-se o passe sub-23, o financiamento da universidade, a tentativa de dificultar o acesso dos madeirenses ao Ensino Superior (espada de Dâmocles que continua sobre a cabeça dos jovens madeirenses), a mobilidade aérea (que levou a que o Governo Regional tivesse de lançar o programa Estudante Insular, de modo a assegurar as viagens dos nossos jovens a preços em conta).

Mais uma vez, este Governo da República faz tábua rasa do Princípio da continuidade territorial, definido em sede de lei constitucional. Cabe ao Estado garantir o acesso livre e igual aos seus cidadãos em todo o seu território. Mas, não o faz. E toda a gente, mas mesmo toda a gente, no retângulo, “assobia para o lado”.

Para António Costa, Portugal é o Continente e, às vezes, os Açores. A Madeira não conta. E ainda tem a lata de dizer que os madeirenses e porto-santenses não gostam do PS, mas que o PS gosta da Madeira. É caso para dizer: “imagine-se se não gostasse…”.

Ângelo Silva