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ONU mantém enviado no Sudão e rejeita declaração de 'persona non grata'

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Foto AFP

A Organização das Nações Unidas garantiu que o seu enviado especial no Sudão, Volker Perthes, continuará no cargo apesar de declarado "persona non grata" pelo Governo sudanês, classificação que não pode ser atribuída ao pessoal da ONU.

"O secretário-geral lembra que a doutrina de 'persona non grata' não é aplicável ao pessoal das Nações Unidas e a sua invocação é contrária às obrigações dos Estados sob a Carta das Nações Unidas", disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, quando questionado sobre a decisão de Cartum.

O Ministério das Relações Exteriores do Sudão declarou hoje Perthes como "persona non grata", após o líder de facto do país, general Abdelfatah Al-Burhan, recentemente ter pedido a sua demissão.

Al-Burhan acusou então o diplomata de "desinformar" sobre a situação no país e pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que escolhesse "uma alternativa".

Até agora, Guterres defendeu a permanência do seu enviado, mas entre as potências do Conselho de Segurança não há unanimidade, com a Rússia a deixar claro que perdeu a confiança em Perthes devido aos seus problemas com Cartum.

Questionado sobre se é viável que o enviado continue no cargo nesta situação, o porta-voz da ONU limitou-se a dizer que "atualmente não há mudanças no estatuto" de Perthes.

O diplomata tem tentado, sem sucesso, mediar o conflito no Sudão, entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), confrontos que já deixaram cerca de 850 mortos e desencadearam uma crise humanitária no país.

Após a primeira semana de conflito, Perthes foi transferido para a cidade de Port Sudan, no leste do país, por precaução, junto com outras 1.200 pessoas - 744 funcionários da ONU e suas famílias, além de membros de diversas organizações não-governamentais - que foram transferidas de Cartum para aquela cidade, onde a situação permanece relativamente calma.

O enviado da ONU, que estava em Nova Iorque quando o general sudanês enviou uma carta a exigir a sua demissão, está atualmente em Addis Abeba, capital da Etiópia.