Mundo

Vaticano mantém possibilidade de enviado do Papa visitar Moscovo

None
Foto REUTERS

O Vaticano manteve hoje em aberto a possibilidade de o enviado do Papa Francisco para a guerra na Ucrânia, o cardeal italiano Matteo Zuppi, se deslocar a Moscovo, depois de ter visitado Kiev.

"Do lado do Papa, a ideia nasceu precisamente como uma missão às duas capitais. Portanto, a perspetiva de ir a Moscovo deve permanecer em aberto, mas agora vamos concretizá-la", disse o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.

O Kremlin (presidência russa) tinha indicado anteriormente que o Presidente Vladimir Putin não tinha agendado um encontro com Zuppi, mas que uma eventual mudança de planos seria divulgada.

Em declarações divulgadas pelos meios de comunicação italianos durante a inauguração de um centro de peregrinos em Roma, o secretário de Estado do Vaticano disse que será necessário falar com Zuppi quando o cardeal regressar.

"Depois, naturalmente, informaremos o Papa", afirmou Parolin, citado pela agência espanhola EFE, horas antes de Francisco ser submetido a uma intervenção cirúrgica sob anestesia geral devido a uma hérnia abdominal.

Em Kiev, o enviado papal teve vários encontros e ouviu o Presidente Volodymyr Zelensky reafirmar que não aceitará qualquer cessação de hostilidades que não inclua a retirada da Rússia do território ucraniano.

Entre outras medidas, Zelensky exige a retirada das forças russas de todo o território ucraniano, incluindo das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexadas em setembro, e da Crimeia, ocupada desde 2014.

Em resposta, Moscovo disse que as autoridades de Kiev têm de se adaptar à nova realidade.

Sobre os contactos em Kiev, Parolin disse que "nada de novo aconteceu" em relação ao que Zelensky já tinha transmitido ao Papa quando visitou a Cidade do Vaticano em maio.

"A posição da Ucrânia é sempre a mesma, mas falar uns com os outros e ouvir posições ou perspetivas ligeiramente diferentes pode certamente ser útil e promover a paz. Não sei que desenvolvimentos irão ocorrer", acrescentou.

O chefe da diplomacia do Vaticano disse ainda que espera que o Papa Francisco, 86 anos, regresse em breve ao "exercício do seu ministério".

Segundo Parolin, a cirurgia a que Francisco será submetido "não implica nenhuma vacância de poderes" e o chefe da Igreja Católica poderá tratar de assuntos urgentes a partir do hospital.

A Ucrânia e a Rússia ainda participaram em conversações nos primeiros meses da guerra iniciada por Moscovo em 24 de fevereiro de 2022, mas sem sucesso.

Até agora, goraram-se todas as iniciativas para que as duas partes retomassem o diálogo.