Família, Fátima, Semana da Vida e Festas

As datas de 15 de Maio, Dia da Família criado pela ONU em 1994, de 13 de Maio de Fátima, memorável em todo o mundo, e a Semana de Defesa da vida coincidem com o tempo litúrgico cristão da Páscoa em que mil e 400 milhões de católicos celebram festas de Primeira Comunhão, Crisma, do Espírito Santo e do Corpo de Deus. São celebrações significativas com que alguns ataques à vida e à instituição da família combinam mal e denotam grande decadência civilizacional dos valores cristãos. Circulam ideias desvairadas a desvirtuar a família em vez de a promover. Por exemplo, usar em vez da mulher-mãe, do homem-pai, dos filhos, meninos e meninas, pretende-se chamar a todos amigues, como em mensagens de um professor de universidade de país luso-falante dirigidas a “cares amigues” a falar de iniciativas académicas. A família milenar genuína é degradada por propostas associadas a negócios de compra e venda de ventres, quais vasos emprestados, de licenças legais para matar quem está para nascer, de transações mercantis de crianças, de negócios de troca de pais e mães, de leis a autorizar o suicídio de doentes, sem ou com ajuda de profissionais de saúde que os cidadãos têm que pagar com os seus impostos. A respeito desta legalização (?), será de perguntar se não é de obedecer, antes, ao “não matarás de Deus”, do que aos humanos (cf. Atos 5,29)?

Neste tempo pascal de festas cristãs, em todo o mundo, se preparam crianças, jovens e adultos, com as palavras de Jesus, para celebrar a fé com sentido profundo para os sacramentos de identidade cristã que fortalecem de dons e dignificam as famílias: Batismo, Comunhão, Crisma, Matrimónio, Ordenação sacerdotal. Muitas crianças recebem a primeira comunhão, e, pelo país adiante, associam-na à peregrinação a Fátima, acompanhadas pelos seus pais onde recordam as palavras da “catequese” de Nossa Senhora aos pastorinhos. Não posso esquecer como no verão de 1937 a peregrinação da minha paróquia de S. Simão de Litém (Pombal) me levou a preparar-me para a primeira comunhão. Queria fazer a peregrinação a Fátima com uma centena de paroquianos. O Padre Manuel Marques Ferreira, o mesmo que interrogou a Lúcia, em 1917, em Fátima, foi categórico, precisas de te preparar e fazer antes a primeira comunhão. A minha mãe aceitou e eu ainda mais. Logo ela me começou a preparar; e aos oito anos, já tinha um ano de escola e sabia ler, peguei num catecismo de crianças e, atrás do pequeno rebanho de uma dezena de ovelhas, comecei a estudar a doutrina. A minha mãe ensinou-me a confessar e levou-me ao Padre para me examinar. Considerou-me preparado, marcou o dia da missa para a comunhão, na véspera da peregrinação da Cruzada Eucarística desse ano. Foi uma festa mais de alegria de alma que festa exterior. Há dias perguntei a um grupo de adultos quando e a quem tinham ouvido falar de Jesus, a primeira vez, e logo alguns disseram que foi à mãe quando se prepararam para a primeira comunhão.

A Semana da Vida vem lembrar que a baixa natalidade precisa de mudar mais com apoios às mães para a sua missão, que com desvios de meios para aumentar as mortes provocadas em todas as idades. O acontecimento Fátima, onde foi pedida muita oração pela paz, e as festas cristãs da Comunhão, Crisma, Espírito Santo, Corpo de Deus, não combinam com mortes provocadas: eutanásia suicidária, guerras, aborto, mutilações para mudar de sexo-género às crianças e jovens nos casos de disforias de género e muito menos por pressão de grupos ideológicos (cf. https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/disforia-de-genero-mudanca-de-sexo-precoce-marcas-irreparaveis-em-criancas/); nem se harmonizam com iguais pressões para a utilização infantil promíscua de WCs e balneários escolares com riscos de traumatismos psicológicos irreparáveis. A Bíblia afirma que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança; e agora tantos Frankensteins (cf. Mary Shelley, 1818) do cientismo extravagante vem teimar orgulhosamente que são eles que fazem os meninos e as meninas à semelhança das suas ideias delirantes e preconceitos de destransfobia que atormentam «o crescente número» dos que desejam emendar o erro da transgenitalização e são impedidos de se expressarem e reequilibrarem livremente, como explica a especialista no link citado. Será que há bárbaros às portas das muralhas? A Família, e a vida de crianças e adultos bem precisam de um Defensor, o Espírito Paráclito, um guarda-costas espiritual, que Jesus prometeu enviar de junto do Pai para defender os discípulos porque «se aproxima a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus» (Jo. 15, 26-27). Nas notícias quase diárias não faltam perseguições e mortes violentas de cristãos, cometidas por aqueles que atentam contra a civilização cristã em que os discípulos de Cristo serão o maior número das vítimas.

Aires Gameiro