Regionais 2023 País

Líder nacional do PAN quer ter representação parlamentar na Madeira

Inês de Sousa Real quer reconquistar confiança dos eleitores a começar nas próximas eleições legislativas regionais

Foto PAULO SPRANGER/Global Imagens
Foto PAULO SPRANGER/Global Imagens

A porta-voz do PAN e recandidata à liderança, Inês de Sousa Real, mostra-se convicta de que o partido vai conseguir "reconquistar a confiança" dos eleitores e recusa "qualquer tipo de complexo" com o foco na causa animal.

Em entrevista à agência Lusa antes do IX Congresso do partido Pessoas-Animais-Natureza, que vai decorrer no sábado, em Matosinhos, distrito do Porto, a deputada única do PAN diz que a sua lista conseguiu eleger a maioria dos 136 delegados, mas recusa "estar excecionalmente otimista" com uma vitória.

"Acho que há um espaço próprio para o debate no congresso, o debate será feito, mas como é evidente parto pelo menos com sentido de responsabilidade acrescida por saber que temos 80% dos delegados ao congresso", afirmou.

Inês de Sousa Real, que se candidata sob lema "Pelas causas que nos unem", afirma esperar que a reunião magna debata "não só as causas prioritárias" para o PAN, "mas também o posicionamento ideológico, as propostas que tem para o país".

"Porque sabemos que mais tarde ou mais cedo corremos o risco de sermos chamados até a novas eleições, fruto da instabilidade política que temos assistido, e que os portugueses precisam de ter alternativas políticas, e o PAN quer apresentar-se como uma alternativa política séria, comprometida no nosso país", salienta.

Apesar de nas últimas eleições legislativas o Pessoas-Animais-Natureza ter perdido o grupo parlamentar, passando de quatro deputados eleitos para apenas um, a porta-voz diz acreditar que no próximo sufrágio o partido vai "reconquistar a confiança dos portugueses, ter mais representação, recuperar o grupo parlamentar", estando "a trabalhar para isso".

Inês de Sousa Real desvaloriza a perda de deputados nas legislativas de janeiro do ano passado, tendo em conta o "contexto eleitoral muito distinto e muito particular" de "voto do medo", que acredita que "não se voltará a repetir".

Quanto às eleições na Região Autónoma da Madeira, previstas para este ano, e as eleições europeias, em junho de 2024, quer que o PAN volte a ter representação.

"Pretendemos romper, e até de forma disruptiva, com a bipartidarização, porque um voto no PS ou no PSD não vai fazer a diferença na vida das pessoas, mas um voto no PAN poderá fazer toda a diferença", defende a deputada.

Se for eleita para mais um mandato, a candidata a porta-voz quer consolidar o PAN do ponto de vista ideológico.

"Achamos que é importante que este debate ideológico também seja feito para que não haja aqui erros de perceção em relação aquilo que o PAN defende, até porque há claramente um espaço progressista no nosso país, em particular do centro político, que não está ocupado e que acredito que o PAN tem um potencial não só de preencher, mas também de as pessoas se reverem naquilo que é a nossa ideologia", declara.

Inês de Sousa Real, que foi eleita porta-voz do PAN em junho de 2021, sucedendo a André Silva, disse que a sua visão passa por um "PAN profundamente comprometido e com sentido de responsabilidade com aquilo que é fazer avançar as preocupações dos portugueses, seja na matéria de combate à crise climática, da conservação da natureza e biodiversidade, seja também na dimensão social e há aqui uma dimensão humana".

"E também na proteção animal. Há uma diferença ideológica clara entre as duas candidaturas, porque enquanto a candidatura liderada pela lista B [encabeçada por Nelson Silva] acaba por querer colocar a causa animal como um apêndice, nós não temos qualquer tipo de complexo, muito pelo contrário, sentimos que temos o dever de honrar a génese identitária, fundacional do partido", salienta.

Num balanço do seu mandato, a líder do PAN afirmou que foi "assumido numa altura muito desafiante, quer para o país, quer do ponto de vista interno", mas, apesar de tudo, "o balanço não deixou de ser positivo para as causas" do partido.

E destacou algumas propostas que viu aprovadas na Assembleia da República, como "o fim dos estágios profissionais não remunerados para os mais jovens, o prazo dos crimes de abuso sexual contra menores para os 30 anos, aumentar significativamente as verbas para a proteção animal para 13 milhões de euros" ou ainda a inclusão de alguns alimentos de origem vegetal no cabaz de alimentos com IVA zero.

A deputada única realça também que o PAN foi "o partido da oposição que mais conquistas tem conseguido", nomeadamente no Orçamento do Estado.

"Mas o caminho não está concluído, o trabalho não está todo feito [...]. Senti que estava chamada a renovar esta candidatura, como também com a equipa que me acompanha porque sentimos que ainda temos muito a dar ao partido", refere.

Em termos dos estatutos, Inês de Sousa Real propõe a criação de uma estrutura que represente os jovens, que as distritais passem a ter representação na Comissão Política Nacional, de um "núcleo da emigração e comunidades portuguesas fora de Portugal", de conselhos consultivos, e dar "autonomia política, organizativa, financeira" e estatutos próprios às estruturas regionais do partido.

"Aquilo que propomos é uma proposta de alteração de estatutos que promove a democracia interna, promove a participação, a criação de novas estruturas, e que visa dar mais voz às filiadas e aos filiados", defende.