Fact Check Madeira

É verdade que o DIÁRIO omitiu a relevância da comissão de inquérito?

O deputado do PS Madeira, Victor Freitas, acusou o matutino de não fazer notícia da comissão parlamentar de inquérito sobre as “obras inventadas” e “favorecimento de grupos empresariais”. Terá razão?
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O deputado do PS Madeira, Victor Freitas, colocou em causa o pluralismo, a isenção e a independência do DIÁRIO de Notícias da Madeira, constatando, durante a audição do empresário Luís Miguel Sousa, presidente do Grupo Sousa e um dos accionistas da Empresa Diário de Notícias da Madeira (EDN), que o matutino não fez qualquer referência noticiosa, insinuando que omitiu deliberadamente a relevância daquela comissão. Será verdade?

Hoje estamos aqui numa comissão e amanhã estaremos novamente aqui com duas pessoas que têm o ‘core’ da imprensa escrita. E eu tenho aqui, por exemplo, o DIÁRIO de Notícias [da Madeira] de hoje [ontem] e eu julgava que o Diário de Notícias ia dizer alguma coisa em relação à importância desta comissão e eu olho para o DIÁRIO de Notícias e não vejo Victor Freitas, deputado do PS Madeira, in comissão parlamentar de inquérito (momento 2h40 da comissão)

O deputado socialista não viu, mas a notícia foi publicada na edição que o próprio Victor Freitas segurava na mão, durante a sua alocução no parlamento. Bastava abrir o jornal e encontrava, logo na página 2, a notícia a dar conta do início das audições na comissão de inquérito: “A comissão de inquérito às ‘obras inventadas’ e ‘favorecimento de grupos empresariais’ realiza, hoje [ontem], a primeira audição. Luís Miguel de Sousa, presidente do Grupo Sousa, será ouvido, na comissão criada por requerimento do PS, a partir das 14h00. Amanhã, será a vez de Avelino Farinha, presidente do Grupo AFA”.

Aliás, a mesma notícia que o deputado socialista não viu, nem leu, foi replicada nas ‘stories’ da página do PS no Instagram.

Na segunda-feira, véspera do início da audição ao empresário Luís Miguel Sousa, o DIÁRIO antecipou as linhas fortes da comissão de inquérito. Por sinal, uma notícia que até privilegia a agenda socialista, já que se debruça sobre as mais de 70 questões que o PS se propõe a colocar ao presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque. Assunto que teve honras de primeira página.

A acusação do deputado do PS de que o DIÁRIO omitiu, aos leitores, a relevância da comissão parlamentar de inquérito sobre as “obras inventadas” e os “eventuais favorecimentos do Governo Regional a grupos económicos", na sequência das denúncias feitas pelo ex-deputado do PSD Sérgio Marques, é também falsa.

Em inúmeras edições impressas, o assunto da comissão de inquérito tem sido notícia, no cumprimento dos deveres da isenção, independência e pluralismo, com espaço para protagonistas dos mais variados prismas políticos e partidários onde o PS surge em plano de destaque.

18 Janeiro - Comissão de Inquérito garantida pelo PS: PS-M usa o direito potestativo e nem deixa margem para a maioria contestar.

19 Janeiro – Denúncias são “apenas a ponta do icebergue”: PS assume que será “intransigente” e “irá até às últimas consequências” para apurar factos

22 Janeiro – PS intima Albuquerque e empresários para explicarem favorecimentos e pressões: Sérgio Marques será também chamado à comissão de inquérito

26 Janeiro – PS quer comissão de inquérito transmitida em directo

1 Fevereiro – PS quer tornar público acervo documental das comissões de inquérito: Socialistas deram entrada a requerimento para garantir total transparência

16 Fevereiro – “Eu uso a minha prerrogativa, mais nada”: Opção (de Albuquerque) responder por escrito à comissão de inquérito causou celeuma

17 Fevereiro – PS quer inquirições feitas em dias diferentes

26 Fevereiro – PCP envia 79 perguntas a Albuquerque: Presidente do GR responde à comissão de inquérito por escrito