Fact Check Madeira

Miguel Albuquerque afirmou que a construção do novo hospital da Madeira tem cuidados anti-sísmicos. Será verdade?

O projecto do novo Hospital Central da Madeira obedece às regras de construção anti-sísmica.
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A ocorrência de sismos no Sul da Turquia e Norte da Síria, com elevado número de desabamentos de edifícios e de mortos está a causar apreensão por todo o Mundo

A ocorrência dos vários sismos no Sul da Turquia e Norte da Síria, o primeiro na madrugada do dia 6, última segunda-feira, provocou o desabamento de muitos edifícios, com isso soterrando milhares de pessoas e provocando a morte a muitas delas. Perante tal cenário, por todo o Mundo, as pessoas questionam-se se as suas estruturas-chave, como pontes, habitações e hospitais, estão preparados para resistir a sismos.

Na Madeira, acontece o mesmo. Uma das perguntas, que se fizeram e fazem, é se a obra do novo Hospital Central da Madeira, agora em fase de preparação para a construção dos edifícios, prevê medidas anti-sísmicas.

Ontem, durante uma visita às obras de requalificação das abóbadas, que sustentam a via rápida, junto à cabeceira Oeste da pista do Aeroporto da Madeira, essa questão foi colocada ao presidente do Governo Regional. Miguel Albuquerque respondeu: “Todas as construções, hoje feitas na Madeira, são certificadas tendo por base a moderna tecnologia anti-sísmica e o (novo) hospital, por razões óbvias, também não pode deixar de ser feito dentro desse enquadramento.”

Perante a garantia do presidente do Governo, quisemos apurar o que consta no projecto de construção, considerando que ainda não é possível verificar a edificação, porque inexistente.

No Caderno de Encargos, Anexo II, na parte respeitante a Fundações/Estruturas, são evidenciados os cuidados e preocupações com a questão sísmica, apesar de a Madeira estar situada numa zona de baixa sismicidade.

Na ‘Descrição Geral da Superestrutura do Edifício’ é afirmado: “Na concepção estrutural adoptada para este complexo Hospitalar pretendeu-se obter, em termos globais, estruturas resistentes que satisfazendo inteiramente os requisitos associados à solução arquitectónica e cumprindo a sua função estrutural com total segurança, permita uma construção utilizando processos construtivos simples e eficientes, procurando tornar possível uma otimização do prazo global de construção.”

“Pese embora localizado na zona sísmica 1.6, a de menor sismicidade de acordo com o EC8, mas tratando-se de um Edifício Hospitalar e atendendo a que, para além de resistirem ao colapso, as suas estruturas deverão permitir assegurar a operacionalidade do edifício mesmo para situações extremas como a ocorrência de sismos, as exigências de desempenho estrutural são superiores às normalmente consideradas no projecto de outros tipos de edifícios.”

Depois, ao longo do documento, são especificadas características técnicas a respeitar, com o objectivo de garantir essa resistência sísmica.

Claro que as exigências de construção anti-sísmica na Madeira são inferiores às zonas de elevado risco sísmico, como toda a área entre, sensivelmente, do centro do território continental português e o Algarve. A nível de Zona Sísmica a Madeira equivale ao Norte de Portugal. Mas, dentro de zonas sísmicas semelhantes ou dentro de uma mesma zona, pode haver diferenças nas exigências técnicas, dependendo do tipo de solos.

Assim, é verdadeiro que a construção do Novo Hospital Central da Madeira, pelo menos na sua parte de projecto, obedece às regras anti-sísmicas definidas para a Zona Sísmica em que se integra.