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Alta comissária da ONU ainda não sabe quando será publicado o relatório sobre Xinjiang

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Foto: Wikipédia

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, admitiu hoje que ainda não sabe se o relatório sobre a região chinesa de Xinjiang será publicado antes do final do seu mandato, como havia prometido.

"Estamos a trabalhar no relatório [de Xinjiang]. Era a minha intenção publicá-lo antes do final do meu mandato. Recebemos contribuições substanciais do Governo [chinês] que teremos de analisar atentamente, como fazemos sempre para qualquer país (...). Estamos a fazer o nosso melhor para entregar o que prometi", disse Michelle Bachelet, numa conferência de imprensa em Genebra, Suíça, para assinalar o fim do seu mandato de quatro anos, que termina a 31 de agosto.

Bachelet, de 70 anos, que foi designada para o cargo no verão de 2018 pelo secretário-geral da ONU António Guterres para substituir o jordano Zei Ra'ad al-Hussein, anunciou em junho passado que não iria recandidatar-se a um segundo mandato de quatro anos.

O atual mandato de Bachelet foi marcado pelas críticas à sua resposta ao tratamento dado pela China aos uigures e a outras minorias muçulmanas. No início de junho, mais de 230 organizações de direitos humanos, incluindo portuguesas, exigiram a demissão de Bachelet, acusando-a de "branqueamento de atrocidades" durante uma visita ao território chinês.

"Estive sob pressão? Sempre estivemos sob pressão de vários lados, de todos os lados e em todas as situações, eu diria", afirmou a representante.

"Neste caso, estive sob enorme pressão para publicar ou não publicar (o relatório), mas não são essas pressões que me farão publicá-lo ou desistir da sua publicação", acrescentou.

A região de Xinjiang, um vasto território semidesértico no noroeste da China, tem sido cenário de ataques violentos, que Pequim atribui a elementos separatistas e islamitas.

Os uigures, que são maioritariamente muçulmanos e falam na sua grande maioria uma língua relacionada com o turco, são um dos 56 grupos étnicos que existem no território chinês.

Esta etnia representa um pouco menos de metade dos 25 milhões de pessoas que vivem na região de Xinjiang.

A China tem sido acusada de concentrar minorias étnicas chinesas de origem muçulmana em campos de doutrinação e reeducação no extremo noroeste do território chinês.

As denúncias apontam para pelo menos um milhão de muçulmanos retidos nestes campos de reeducação política.

Pequim tem sempre rejeitado este alegado plano de "genocídio cultural" de minorias muçulmanas na China, alegando que estas instalações são centros de formação profissional, destinadas a ajudar a população a encontrar trabalho e a mantê-la afastada do extremismo e do terrorismo.

Durante uma rara visita à China em maio passado, a primeira em 17 anos de um Alto Comissário da ONU, Michelle Bachelet pediu a Pequim que evitasse medidas "arbitrárias" em Xinjiang, denunciando "atos violentos de extremismo" na região.

Desde então, várias organizações não-governamentais (ONG) têm exigido de forma insistente que a ex-Presidente do Chile publique um relatório sobre esta matéria.