A Guerra Mundo

ONU estima mais de 16 mil russos detidos em protestos contra guerra

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Mais de 16 mil pessoas foram detidas na Rússia durante os últimos meses por protestos contra a guerra na Ucrânia, estimam especialistas das Nações Unidas (ONU), que hoje denunciaram a repressão dos ativistas e jornalistas russos.

"A censura dos meios de comunicação e das organizações humanitárias, a perseguição de ativistas e as contínuas violações da liberdade de expressão e associação reduziram ainda mais o espaço cívico no país", consideraram os peritos da ONU num comunicado.

Desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, foram abertos cerca de 60 processos penais por "falsas notícias sobre a guerra", pelo menos sete por "desacreditar" e "apelar à obstrução" do exército russo.

Em quase cinco meses, as forças policiais usaram força excessiva contra os detidos que protestavam contra a ofensiva militar russa, muitas vezes recorrendo a humilhações e a ameaças, apontaram.

Além disso, praticamente todos os meios de comunicação social independentes do país foram censurados, juntamente com dezenas de jornais ou jornalistas estrangeiros.

Segundo os especialistas, cerca de vinte meios de comunicação social foram suspensos na Rússia, incluindo o jornal Novaya Gazeta, dirigido pelo vencedor do prémio Nobel da Paz em 2021, Dmitry Muratov.

As redes sociais como o Twitter, o Facebook e o Instagram também foram suprimidas ou bloqueadas, enquanto o Meta, a aplicação "mãe" do WhatsApp, foi encerrada por ser "uma organização criminosa".

A ONU exortou a Rússia a levantar as sanções restritivas e a respeitar a liberdade de expressão e associação, bem como o trabalho dos ativistas e jornalistas.

Os signatários do documento incluem os relatores especiais para os direitos humanos (Mary Lawlor), pela liberdade de reunião pacífica e associação (Clément Nyaletsossi) e pela liberdade de expressão (Irene Khan).

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.000 civis, segundos os dados mais recentes da ONU.

A organização alerta, no entanto, que os números reais podem ser muito superiores.