A Guerra Mundo

Zelensky defende "mecanismo especial" para investigar crimes russos

Foto EPA/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE
Foto EPA/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse hoje que será criado um "mecanismo especial" para "investigar e processar" todos os crimes "dos ocupantes" do país, acrescentando que irá funcionar com base no trabalho conjunto de especialistas nacionais e internacionais.

"Este mecanismo irá ajudar a Ucrânia e o mundo a levar à justiça aqueles que iniciaram ou participaram de alguma forma nesta terrível guerra contra o povo ucraniano e crimes contra o nosso povo", explicou Zelensky, numa mensagem de vídeo.

O governante disse que os líderes russos deveriam ser responsabilizados pelos "assassinatos" e "tortura" em Busha, onde muitos civis foram mortos.

"Quero que todos os líderes da Federação Russa vejam como as suas ordens são executadas. Esse tipo de ordem (...) Eles têm uma responsabilidade comum. Por esses assassinatos, por essas torturas (...) pelas balas disparadas na nuca", disse.

O Presidente ucraniano afirmou que "é hora de fazer tudo para que os crimes de guerra do exército russo sejam a última manifestação desse mal na terra".

"Centenas de pessoas foram mortas. Civis torturados e massacrados. (...) Até os corpos dos mortos foram extraídos", disse, acrescentando querer "que cada mãe de cada soldado russo veja os corpos dos mortos em Busha, Irpin, Gostomel", cidades da região de Kiev recapturadas pelas tropas ucranianas após a retirada das forças russas.

O Presidente ucraniano dirigiu-se diretamente às "mães russas" que, apontou, criaram "torturadores", "privados de tudo o que é humano" que "matam deliberadamente e com prazer".

Zelensky também criticou a "recusa oculta" da NATO em 2008 de aceitar a Ucrânia por causa do "medo absurdo de certos líderes políticos em relação" a Moscovo, que "achavam que rejeitando a Ucrânia poderiam apaziguar a Rússia".

"Convido a Sra. Merkel [ex-chanceler alemã] e o Sr. Sarkozy [ex-Presidente francês] para visitar Busha e ver o que a política de concessões em relação à Rússia alcançou", afirmou Zelensky. "Não culpamos o Ocidente. Não culpamos ninguém além dos militares russos (...) e aqueles que lhes deram ordens", acrescentou.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.325 civis, incluindo 120 crianças, e feriu 2.017, entre os quais 168 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.