Madeira

PAN diz que calar os partidos na Assembleia Municipal do Funchal é "calar o povo"

Foto Arquivo/Rui Silva/Aspress
Foto Arquivo/Rui Silva/Aspress

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) na Madeira emitiu um comunicado0 com duras críticas à actual maioria na autarquia do Funchal por este ano não continuar a comemoração da revolução de 25 de Abril de 1974, nomeadamente a sessão solene onde todos os partidos representados na Assembleia Municipal tinham direito à palavra.

"A 25 de Abril de 2022 comemoramos a liberdade, num mundo que já deveria ter aprendido - com os regimes que nos privam da liberdade - a importância de podermos obedecer à nossa consciência", começa a nota emitida hoje à tarde.

"Desde 2014 que o Funchal celebrava a Liberdade, no entanto foi com espanto e incredibilidade que o PAN confirmou que nem a Câmara Municipal, nem tão pouco a Assembleia Municipal do Funchal vão comemorar os valores de Abril – A Liberdade – a Democracia – a Fraternidade", situa. "Para o 'Funchal sempre à frente' a liberdade é algo de somenos importância e as conquistas de Abril voltam a ser menosprezadas", criticam.

Referem que "a região está afogada em problemas devido à decadente sociedade corporativista e antidemocrática de partido dominante que edificamos nos últimos 48 anos", aponta o dedo ao PSD, para reforçar que "nesse sentido o PAN junta a sua voz aqueles que defendem que Abril é uma batalha diária em prol da liberdade dos portugueses".

Recusando aceitar esta decisão, referem: "Não compreendemos que, num contexto em que a guerra volta à Europa, estes valores de Abril sejam descartados. Situação esta em que somos, mais uma vez, postos à prova, pois 'aquele monstro que se alimenta do sangue, das vidas, que quanto mais come e consome, menos se farta, está de novo à solta'."

Mas "é este o constante repto da democracia, o de sabermos incluir sem rotular, sejam funchalenses, xavelhas, vilhões, 'miras' ou cubanos,… Será que não podermos existir sem para isso termos de maltratar ou vitimar outros", questionam.

Aliás, referem, "numa região onde permanentemente se anunciam e apregoam tantas medidas no papel e onde faltam tantos meios para passar do papel à prática, onde falta a monitorização e fiscalização das leis aprovadas e das decisões tomadas - em todas as áreas fundamentais - para construirmos um mundo mais justo", acrescenta.

E continuam: "Numa região onde as pessoas com deficiência continuam a aguardar a adaptação dos acessos, onde as pessoas lgbti+ continuam à espera que os seus planos saiam da gaveta, onde milhares de pessoas vivem no limiar da pobreza, numa região em que as pessoas que têm animais são penalizadas com um IVA de 23% para a saúde dos mesmos, numa região onde se continua a normalizar a violência doméstica, numa região onde as listas de espera hospitalares são intermináveis, numa região onde os ambiente é destruído porque quem manda quer e os estudos de impacto ambiental são encomendados a amigos e feitos a jeito, numa região de prémios pífios de melhor região do país, da europa, do planeta e até quiçá do universo, onde proliferam bandeiras verdes de mérito duvidoso, numa região que continua a destruir património como a Laurissilva, ou o geosítio do Paredão,  que não são apenas nossos, mas também das gerações vindouras."

O PAN não deixa de apontar ainda que "esta é a mesma região onde se tem verificado a degradação do estado de direito e social, uma região onde os poderes instalados ignoram a voz dos cidadãos e cidadãs, onde se procura que os direitos, para além do quero posso e mando dos governantes, não se realizem ou quando se realizam, fazem-se apenas após longas e penosas lutas judiciais" e "é esta a região que leva a tanta imigração e ao inverno demográfico, causa da revolta social que se traduz no emergir de forças ainda mais populistas e conservadoras que a do partido dominante".

E ainda. "É esta a região que perpetua a desigualdade de género no que se refere a diferenças salariais, ao assédio moral, no acesso à educação e ao emprego, na conciliação entre a vida pessoal, o trabalho, o lazer e a família. É esta a região onde as políticas educativas ficam para trás e transforma a escola num espaço burocrático que é uma seca para alunos e professores. O mesmo se aplica aos nossos idosos."

Por isso, defendem que "não se vive em liberdade quando se continua a usar as pessoas como mão de obra descartável. Não se vive em liberdade quando falta uma verdadeira política ambiental. Não se vive em liberdade quando se despreza a vida animal e a biodiversidade".

Para o PAN, "viver-se-á em liberdade através duma educação que leve ao pensamento autónomo, com sensibilização e consciencialização para a tomada de perspetiva do outro e para a promoção da empatia", sendo que acreditam que "viver-se-á em Liberdade quando se garantir a dignidade a todas as pessoas, a justiça intergeracional, a soberania alimentar e energética, a liberdade de todos os seres. Viver-se-á em liberdade quando preservarmos o Bem comum, quando rompermos com todos os preconceitos que aprisionam, quando cada criança e jovem tiver a oportunidade de ser feliz, quando cada animal for tratado com respeito".

Perante este cenário, atiram: "Quando a Assembleia Municipal do Funchal cala os partidos está a calar o povo está a fechar as portas que Abril abriu. Nós não nos esquecemos que em Abril homenageamos todos e todas que têm estado nas lutas pela liberdade; em Abril, a memória da opressão é lembrada para valorizar a liberdade; em Abril lutamos pela liberdade que falta conquistar, lutamos pela liberdade e promoção da consciência ecocêntrica, pois isso significará o Bem Comum."