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Política de 'zero casos' coloca economia chinesa aquém da meta oficial

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A meta de crescimento económico de 5,5%, estabelecida pela China para 2022, é a menor das últimas três décadas, mas deve ainda assim revelar-se inalcançável, apontam analistas, face à insistência na política de 'zero covid'.

A China vai apresentar, na segunda-feira, os dados de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre do ano. Os números de março dos setores manufatura e serviços fazem prever, no entanto, dados aquém da meta oficial.

Esta semana, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse num seminário que a pressão sobre o crescimento se intensificou, e que as autoridades locais devem agir com "senso de urgência" para estimular a economia, incluindo através de projetos de infraestrutura e redução dos impostos para as empresas.

Em março, a atividade manufatureira da China caiu para o menor nível em dois anos, devido às interrupções causadas por medidas de prevenção contra o novo coronavírus, segundo o índice mensal da Caixin/Markit, tido pelos investidores como uma referência.

"No primeiro trimestre, o setor manufatureiro continuou a perder força, enquanto o retalho foi também prejudicado, mesmo antes do início dos bloqueios", apontou Shehzad Qazi, diretor do China Beige Book, empresa que rastreia os dados económicos do país.

A estratégia 'zero covid' da China "está destinada a constituir outro vento contrário para um crescimento económico já em desaceleração", disse numa nota o banco de investimento francês Natixis.

O banco prevê que a forte redução na mobilidade pode reduzir em 1,8% o crescimento durante o trimestre do ano.

A China continua a reagir a surtos de covid-19 com medidas rigorosas, no âmbito da estratégia de 'zero casos', apesar dos crescentes custos económicos e sociais.

Estas medidas incluem o isolamento de todos os infetados em instalações designadas e o bloqueio de cidades inteiras.

Entre as regiões afetadas nas últimas semanas estão Xangai, a 'capital' financeira do país, o 'hub' tecnológico de Shenzhen e os importantes centros industriais de Changchun e Jilin.

A China pode alcançar este ano uma taxa de crescimento entre 4% e 4,5% se melhorar significativamente a taxa de vacinação, até ao final deste mês, apontou a economista-chefe da Natixis para a Ásia-Pacífico, Alicia García Herrero.

Embora a China tenha fornecido doses suficientes para cobrir quase 90% da sua população, existem lacunas entre os idosos e nas áreas rurais.

Iris Pang, economista-chefe da empresa de serviços financeiros holandesa ING, estimou, na semana passada, que o PIB de Xangai vai contrair 6% se os atuais bloqueios persistirem durante este mês, o que se pode traduzir numa perda de 2% para o conjunto da economia chinesa.

O ING reviu anteriormente a estimativa de crescimento da China, para este ano, de 4,8% para 4,6%.

No último mês do trimestre, Shenzhen passou por um bloqueio de uma semana. Xangai embarcou num bloqueio total, no final de março, que permanece em vigor.

Há vários anos que Pequim tenta encetar uma reconfiguração no modelo económico chinês, visando maior ênfase do consumo interno, em detrimento das exportações e do investimento em grandes obras públicas.

Mas as rígidas medidas de prevenção contra a covid-19 devem forçar o país a injetar mais estímulos.

De acordo com a agência de notícias Bloomberg, os governos locais prometeram cerca de 2,3 biliões de dólares (2,1 biliões de euros) para projetos de construção este ano.