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Recuperar economia do Afeganistão é "possível" com acção dos talibãs e ajuda externa

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A recuperação económica no Afeganistão é possível, mas requer ação quer dos talibãs, para assegurar os direitos humanos e uma gestão "saudável", quer da comunidade internacional, para ajudar financeiramente, revela um relatório do Banco Mundial divulgado hoje.

"Nas condições atuais, as perspetivas para a economia afegã são terríveis", alerta o Banco Mundial em comunicado.

As previsões apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita caia 305 até final de 2022, em relação ao final de 2020.

"A economia não deverá crescer rápido o suficiente para melhorar os meios de subsistência ou criar oportunidades para os 600.000 afegãos que atingem a idade ativa todos os anos", lembra também a instituição financeira com sede em Washington.

Mas o Banco Mundial aponta no relatório que "é possível um caminho alternativo", que "exigiria ação tanto da comunidade internacional quanto da administração interina dos talibãs".

Para isso, é necessário que o governo "adira aos padrões básicos para o tratamento de mulheres e meninas, respeito pelos direitos humanos e [adote] uma boa gestão económica".

Os talibãs, que regressaram ao poder no Afeganistão em agosto de 2021, reverteram no final de março a decisão de permitir que meninas estudem em escolas de ensino médio ou faculdades.

A instituição financeira internacional especifica ainda no relatório que a comunidade internacional deve, por sua vez, "continuar a responder às necessidades humanitárias básicas".

"O Afeganistão beneficia de um potencial económico substancial ligado ao seu setor agrícola e aos seus recursos naturais, a sua população jovem e crescente e as recentes melhorias no ambiente de segurança", sublinha a instituição.

Desde que os fundamentalistas islâmicos chegaram ao poder no verão passado, o Afeganistão mergulhou numa grave crise financeira e humanitária, causada pelo congelamento de biliões de ativos mantidos no estrangeiro e a interrupção abrupta da ajuda da comunidade internacional, que apoiou o país durante 20 anos e que agora está a retomar, aos poucos, essa ajuda.

Com o regresso dos talibãs ao poder, a economia do Afeganistão entrou em colapso e o desemprego disparou.

"Os rendimentos per capita diminuíram cerca de um terço nos últimos meses de 2021, acabando com o progresso económico que estava em curso desde 2007", sublinha ainda o Banco Mundial no relatório.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução em meados de março que estabelece uma relação formal e duradoura com os talibãs no Afeganistão.