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Conservador Yoon Suk-yeol é o novo Presidente da Coreia do Sul

Foto: EPA/YONHAP SOUTH KOREA
Foto: EPA/YONHAP SOUTH KOREA

O conservador Yoon Suk-yeol, ex-procurador-geral e ainda com pouca experiência na política, conquistou hoje as eleições presidenciais na Coreia do Sul, derrotando o principal rival, apoiado pelo partido no Governo, o liberal Lee Jae-myung.

Com mais de 98% dos votos apurados, Yoon obteve 48,6% dos votos contra os 47,8% de Lee, noticia a agência Associated Press (AP).

Uma enorme multidão de apoiantes reuniu-se junto à casa de Yoon Suk-yeol, para saudar o novo Presidente sul-coreano.

"Esta é a vitória do grande povo sul-coreano. Não sabia que vocês viriam até aqui, sem dormir. Agradeço por me terem apoiado até agora. Obrigado", realçou o candidato do Partido do Poder Popular (PPP).

A eleição presidencial acabou por ser um renhido duelo político entre o liberal Lee Jae-myung, ex-governador da província de Gyeonggi e apoiado pelo partido do Governo, e o conservador, Yoon Suk-yeol, apoiado pelo partido da oposição na Coreia do Sul.

O novo Presidente da Coreia do Sul deve tomar posse em maio, para cumprir o mandato único de cinco anos como líder da 10.ª maior economia do mundo.

Lee Jae-myung já admitiu a derrota eleitoral em declarações na sede do seu partido.

"Fiz o meu melhor, mas não fui capaz de corresponder às expectativas. Parabenizo o candidato Yoon Suk Yeol. Peço sinceramente ao Presidente eleito que supere a divisão e os conflitos e abra uma nova era de unidade e harmonia", referiu.

Os analistas apontam que o resultado eleitoral pode reacender o que é apelidado pelos 'media' como um "ciclo de vingança", característica da extrema polarização da vida política no país com 52 milhões de pessoas, pois todos os ex-presidentes sul-coreanos ainda vivos cumpriram pena na prisão por corrupção no final dos seus mandatos.

A participação nas eleições de quarta-feira foi de 77,1%, confirmando o forte interesse por parte dos eleitores, apesar dos escândalos que atingiram os candidatos, considerados por muitos os piores que país teve em democracia.

Entre outras coisas, Lee foi associado a um escândalo de corrupção multimilionário quando era presidente da câmara de Seongnam, enquanto Yoon foi escrutinado pelo facto da sua mulher, Kim Keon-hee, ter sido acusada no passado de aceitar subornos ou manipulação de ativos de ações.

Os analistas referiram também que nenhum dos candidatos apresentou uma estratégia clara sobre como enfrentariam a ameaça da Coreia do Norte e as suas armas nucleares.

Também apontaram que os eleitores estão céticos sobre como ambos lidariam com as relações internacionais, perante a rivalidade EUA-China, ou com a crescente desigualdade económica e os preços descontrolados dos imóveis.

As eleições ocorreram numa fase em que a Coreia do Sul enfrenta um surto de covid-19, impulsionado pela variante Ómicron. As autoridades de saúde registaram esta quarta-feira 342.446 novos casos do novo coronavírus, um novo máximo.

A Constituição da Coreia do Sul limita o chefe de Estado a um único mandato de cinco anos, o que significou o fim do mandato para o colega de partido de Lee, o Presidente Moon Jae-in.

Moon tinha sido eleito em 2017 na sequência de um 'impeachment' à conservadora Park Geun-hye, que acabou destituída do cargo após estar envolvida num enorme escândalo de corrupção.

Os conservadores chegaram a estar desmembrados, quando os indicadores de aprovação de Moon atingiam os 83%, mas o Presidente sul-coreano falhou nas negociações sobre o programa nuclear da Coreia do Norte e na sua campanha anticorrupção, que levantou questões na justiça.

O novo chefe de Estado foi procurador-geral de Moon, mas renunciou e juntou-se à oposição em 2021, na sequência de desacordos internos sobre investigações a aliados do presidente cessante, embora tenha sido acusado de procurar afirmar-se politicamente.

Os críticos de Yoon apontam a sua falta de experiência partidária, na política externa e em outros assuntos importantes do Estado.

Yoon respondeu e explicou durante a campanha que irá delegar a funcionários experientes os assuntos de Estado que exigem experiência.