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Empresas do PSI20 "longe da paridade" entre homens e mulheres

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Foto Shutterstock

As empresas do PSI20 estão "longe da paridade" entre homens e mulheres, conclui um estudo divulgado, ontem, segundo o qual apenas 4% dos 227 cargos de administração são ocupados por administradoras executivas.

Apresentado na véspera do Dia da Mulher, o trabalho da BA&N Research Unit revela que, "do total de 227 cargos no conselho de administração existentes nas 19 empresas do PSI20, apenas 72 eram ocupados por mulheres no final de 2021, o que corresponde a 31,7% do total".

"De acordo com a legislação vigente, as empresas cotadas do PSI20 têm de garantir que um em cada três administradores são mulheres, o que é cumprido pela generalidade das cotadas, com 13 a terem uma representação de pelo menos 30% de mulheres no conselho de administração", nota a consultora de comunicação.

Contudo, salienta, "ao nível das comissões executivas, esta realidade é bem diferente": "Dos 68 cargos de administração executiva, apenas 13,2% são desempenhados por mulheres. Ou seja, em 19 empresas só nove mulheres estão diretamente ligadas à gestão dos negócios", refere.

Considerando as 72 mulheres presentes em conselho de administração nas empresas do PSI20, o estudo aponta ainda que "apenas 12,5% são executivas" e avança como ainda "mais preocupante" o facto de, tendo em conta todos os 227 cargos de administração, as nove administradoras executivas representarem "apenas 4% do total".

A BA&N conclui assim que, "para cumprir as responsabilidades legais, as empresas têm-se socorrido de mulheres predominantemente para funções não executivas", sendo que "uma parte relevante destas administradoras vem do mundo académico, o que lhes permite assumir o papel de independentes".

A consultora nota ainda que algumas empresas apostam também numa "diversificação de nacionalidades, seja pela estrutura acionista e geografia das operações, seja pela intenção de reforçar a diversidade nos conselhos de administração".

"Como resultado, 53 administradores são estrangeiros, ou seja, 23,3% do total, sendo que, no caso das mulheres, esta percentagem sobe para 27,8%", precisa, salientando que as administradoras nacionais enfrentam, assim, "não apenas a concorrência de homens, mas também de mulheres estrangeiras, que são mais de uma em cada quatro administradoras".

Do trabalho resulta também que o número de mulheres em funções de liderança em órgãos sociais "é ainda mais diminuto": Dos 95 órgãos sociais analisados, que incluem conselhos de administração, comissões executivas, mesas das assembleias-gerais, conselhos fiscais ou comités de auditoria e comissões de vencimento, apenas oito são liderados por mulheres.

Aqui, destaque para a presidência executiva da Sonae, assumida por Cláudia Azevedo, e para as presidências dos conselhos de administração da Greenvolt e da Galp Energia, ocupadas por Clara Raposo e Paula Amorim, respetivamente.

Em contraciclo, destaca-se uma função nos órgãos sociais das empresas do PSI20 em que as mulheres são a maioria: secretário da sociedade. Neste cargo, cerca de dois em cada três titulares do cargo (63,2%) são do sexo feminino.

Pelo contrário, as comissões de vencimentos "são dominadas por homens, que são 77,8% dos seus membros", enquanto as assembleias-gerais contam com 29,7% de mulheres, sendo a Galp Energia é a única empresa a ter uma mulher na presidência deste órgão (Ana Perestrelo Oliveira).

Os conselhos fiscais ou comissões de auditoria são os órgãos sociais colegial onde existe maior paridade entre homens e mulheres: Dos 59 conselheiros, 40,7% são mulheres e 59,4% homens.

Quanto aos departamentos de relações com investidores, "apresentam indicadores de paridade mais equilibrados que a generalidade dos órgãos sociais", com 11 homens (58%) e 9 mulheres (42%) a desempenharem funções de 'Investor Relations Officer' nas empresas do PSI20.

Embora a maioria das empresas já cumpram o requisito legal que determina que a proporção de pessoas de cada sexo designadas para cada órgão de administração e de fiscalização das cotadas não pode ser inferior a 33,3%", a BA&N nota que "há ainda seis empresas cujos conselhos de administração contam com menos de 30% de mulheres": Galp Energia, The Navigator Company, BCP, NOS e Altri que, segundo a consultora, "deverão alcançar esse objetivo nas próximas assembleias eletivas de órgãos sociais, tal como previsto na lei".

Já a Sonae, para além de ser a única empresa a contar com uma presidente executiva do Conselho de Administração (Cláudia Azevedo), apresenta o maior peso de mulheres nas comissões executivas (50%). A EDP, com 40%, e a Novabase, com 33%, completam o 'top 3' da paridade entre administradores executivos no PSI20.

Conforme nota o estudo, "se as regras de quotas para o género sub-representado nos Conselhos de Administração fossem estendidas às comissões executivas, apenas estas empresas cumpririam com os objetivos previstos".

"Ou seja -- conclui - ainda há um longo caminho a percorrer para atingir a igualdade de género no principal órgão executivo da maioria das empresas no PSI20".