Os críticos do pós-Congresso

Afinal, para que servem os congressos? Os congressos têm a mesma função da Democracia, fazer emanar no partido a pluralidade que nasce da ideologia e o programa à volta do que se unem os militantes e os eleitores de um partido.

O Congresso do PS Madeira foi marcado para abrir a possibilidade de se apresentarem moções de estratégia global por quem achava que tinha uma estratégia a apresentar ao Partido. Quem não tinha, não se apresentou.

A minha divergência, que vai para além da questão programática, mantém-se. Democrata e socialista, devo a mim próprio, aos que subscreveram a minha moção e aos cidadãos o esclarecimento, nos locais próprios, das dúvidas que levantei e que não podem ficar por isso mesmo. Eu li D. Quixote e sei o papel que estou a fazer. Mas não me demito. O sarcasmo dos cínicos é óbvio. Nada a dizer. Ponto final.

Novo parágrafo. O que não compreendo é que aqueles que não se apresentaram, venham agora, no pós-Congresso, mostrar as suas clivagens e divergências. Afinal, o que acham que é um congresso, um chá dançante de vedetas? Afinal, o que esperavam, ser requisitados para dançar só porque estavam disponíveis para dançar? Desculpe, quem forma equipas de trabalho dança com quem quer, isto é, com aqueles que quer para trabalhar consigo, com quem acha que tem as melhores condições, incluindo identificação programática e estratégica e sentido de coesão da equipa, acima dos protagonismos pessoais.

Se as divergências eram muitas, apresentavam um candidato e sujeitavam-se ao sufrágio do eleitorado militante. Ou até, durante o Congresso, apresentavam candidaturas aos órgãos, nomeadamente à Comissão Regional, e, depois, à Comissão Política, eventualmente, se tivesse força política, entabulavam-se negociações sobre o órgão executivo.

Agora, o que não podem é esperar ser convidados com base expectável na impressão da sua personalidade e, depois, não tendo sido convidados a entrar na dança, dizer mal dos cavalheiros. Haja recato. Com esse argumento, quantos mais teriam de ser convidados? Obviamente não eu, que tenho o recato de não esperar nada de quem e do que critiquei acerrimamente. E depois a ideia do direito divino de acesso ao poder, é do Antigo Regime, de antes de 1789. O direito natural a ser convidado não existe em democracia, quanto mais num partido de Esquerda e Socialista, muito menos, seja aos órgãos do partido ou aos órgãos de poder local, regional, nacional e europeu. Para a próxima, vão à luta. E não esperem sentados no sofá. Para que se não diga que são críticos porque não foram convidados.

Miguel Fonseca