A Guerra País

Envio de imagem da Virgem de Fátima marcado por apelo à paz

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Foto Shutterstock

O diretor do Departamento de Liturgia do Santuário de Fátima, padre Joaquim Ganhão, defendeu hoje que à guerra "não se responde com a guerra, ao mal não se responde com o mal, ao ódio não se responde com ódio".

Na cerimónia que marcou, na Capelinha das Aparições, o envio da Imagem n.º 13 da Virgem Peregrina de Fátima para a Ucrânia, o sacerdote contrapôs que "não há outro caminho, se não o caminho do exagerado amor até ao fim, que é o amor de Deus (...) nesta circunstância concreta da (...) vida e da (...) história".

"Estamos a braços com uma guerra que nos implica a todos, e aqui neste lugar da Cova da Iria, confiemo-nos à Mãe de Misericórdia e Rainha da Paz, rezemos pelos irmãos que mais sofrem, rezemos pelo fim da guerra na Ucrânia e em todos os lugares, rezemos por tantas vítimas inocentes", disse Joaquim Ganhão, antes da oração de envio, num momento em que se rezou de forma particular pela paz no Leste da Europa.

"É preciso abrir as portas, e reconhecer que o outro não é nosso inimigo, não é nosso rival, é nosso irmão, com quem temos de construir história, construir a paz, e é um trabalho exigente", exortou.

O Santuário de Fátima enviou a Imagem nº 13 da Virgem Peregrina de Fátima para a Ucrânia em resposta a um pedido do arcebispo metropolita Greco-Católico de Lviv.

"Unidos no mesmo espírito de oração, é com agrado que o Santuário de Fátima responde positivamente ao pedido de envio de uma Imagem da Virgem Peregrina de Fátima", refere uma carta enviada pelo Santuário ao arcebispo e metropolita da Igreja Greco-Católica de Lviv, Ihor Vozniak.

Nessa carta, é explicado que a deslocação desta imagem ao território ucraniano, que acontece pela primeira vez, "se deve a este esforço pastoral de oração pela paz no mundo, em especial na Ucrânia".

A resposta do Santuário surge na sequência de um pedido formal de Ihor Vozniak, efetuado em 10 de março.

"Pedimos que nos possam enviar a Imagem da Virgem Peregrina de Fátima para a Ucrânia para que possamos rezar pedindo a sua proteção para que a paz regresse ao país", apelou o metropolita da Igreja Greco-Católica de Lviv.

Segundo o Santuário de Fátima, a imagem, que permanecerá durante um mês na Ucrânia, será acolhida e transportada pela comunidade greco-católica de Lviv.

A Imagem n.º 13 é uma réplica da Imagem n.º 1.

Feita segundo indicações da Irmã Lúcia, "a primeira Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi oferecida pelo bispo de Leiria e coroada solenemente pelo arcebispo de Évora, em 13 de maio de 1947. A partir dessa data, a Imagem percorreu, por diversas vezes, o mundo inteiro, levando consigo uma mensagem de paz e amor", segundo informação do Santuário.

De acordo com uma nota sobre o programa de deslocações das imagens para 2022, "a génese deste percurso remete para o ano de 1945, pouco depois do final da 2.ª Guerra Mundial, quando um pároco de Berlim propôs que uma imagem de Nossa Senhora de Fátima percorresse todas as capitais e cidades episcopais da Europa, até à fronteira da Rússia".

"A ideia foi retomada em abril de 1946, por um representante do Luxemburgo no Conselho Internacional da Juventude Católica Feminina, e, no ano seguinte, no preciso dia da sua coroação, teve início a primeira viagem. Depois de mais de meio século de peregrinação, em que a Imagem visitou 64 países dos vários continentes, alguns deles por diversas vezes, a Reitoria do Santuário de Fátima entendeu que ela não deveria sair mais, a não ser por alguma circunstância extraordinária, como foi o caso da Jornada Mundial da Juventude no Panamá, em janeiro de 2019", acrescenta.

Para responder aos pedidos provenientes de todo o mundo, foram, entretanto, feitas 13 réplicas da primeira Imagem Peregrina.