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Resistir

Estes são provavelmente os tempos mais difíceis que vivemos, primeiro com a pandemia e agora com o regresso da guerra à Europa. De um momento ao outro, fomos confrontados com realidades que julgávamos que só aconteciam no passado e com adversidades e tragédias que pensávamos que só existiam nos livros de história. Nunca como agora, “resistir” foi tão importante. “Resistir” aqueles que nos conferem as maiores provações, “resistir” à tirania e às injustiças, à guerra, à violência e à barbárie. “RE-SIS-TIR” – a resistência é uma habilidade infinitamente útil para sobrevivermos e para enfrentarmos as contrariedades da vida, bem conhecida ao longo da história. Na antiguidade, a poesia e o teatro grego ilustram bem o exercício do direito de resistência, um direito que é intrínseco ao ser humano, mas que poucos têm capacidade de exercer.  Na Odisseia, Homero compara a gruta de Polifermo a uma sociedade onde impera a força e a violência do forte sobre o débil, onde não há lei, apenas brutalidade e desumanidade de um monstro que é igual a um tirano.  Todos os dias, milhares de mulheres comovem-nos com a sua força e com a sua coragem. Resistem à violência doméstica, às adversidades da vida, fogem da guerra, deixam as suas casas e as suas vidas, com os seus filhos. No dia 08 de março, data em que se assinalou o Dia Internacional da Mulher os nossos pensamentos estiveram com as mulheres ucranianas, com aquelas que tiveram de sair das suas casas, com aquelas que lutam nas mais variadas formas contra uma guerra injusta. Mas também com a russa Yelena Osipova de setenta e seis anos, uma sobrevivente ao cerco de Leninegrado pelos nazis, que há poucos dias, foi presa pelas forças de Putin apenas por se ter manifestado em São Petersburgo contra a invasão da Ucrânia. E com a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, a mulher à frente dos destinos da União Europeia, a quem a história continua a colocar inúmeras provações. Um pouco por todo o lado, inúmeras mulheres dinamizam ações de voluntariado, continuam a levantar as suas vozes, bem alto contra a guerra, contra as injustiças, contra os privilégios. Todas têm o seu valor, todas fazem falta ao país, ao mundo e à Região. Todas têm uma enorme capacidade de resistir porque hoje e todos os dias do ano, serão sempre para nós - dias de luta !