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França remete para Putin decisão sobre nova cimeira com Biden

Foto: EPA/JOHN THYS
Foto: EPA/JOHN THYS

A França remeteu hoje para o Presidente russo, Vladimir Putin, a decisão de realizar uma cimeira com o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, sobre a situação "muito perigosa" relacionada com a Ucrânia.

"É hoje possível avançar para uma cimeira, reunir as partes interessadas. Agora, cabe ao Presidente Putin fazer a sua escolha", disse o Palácio do Eliseu (sede da Presidência francesa), numa declaração citada pela agência France-Presse (AFP).

A Presidência francesa considera que a situação na Ucrânia continua "muito perigosa", com as partes num "caminho de escalada".

Após contactos de Macron com Putin e Biden, o Eliseu anunciou, no domingo à noite, que os dois líderes concordaram "em princípio" com a realização de uma cimeira sobre segurança e estabilidade estratégica na Europa, proposta pelo chefe de Estado francês.

Macron propôs que a cimeira se realize primeiro entre Putin e Biden e, depois, "com todas as partes envolvidas".

O Eliseu disse que tanto Biden como Putin aceitaram o encontro.

Segundo Paris, esse encontro "só pode ser realizado se a Rússia não invadir a Ucrânia".

A França exerce atualmente a presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE).

Um novo encontro entre Putin e Biden, que se reuniram já duas vezes sobre a crise ucraniana, constituiria mais um esforço para tentar evitar uma eventual guerra na Ucrânia, em cujas fronteiras a Rússia concentrou cerca de 150.000 tropas nos últimos meses.

O Governo alemão também anunciou que o chanceler Olaf Scholz vai falar ainda hoje com Putin, depois de se ter reunido com o líder russo em Moscovo, na semana passada.

Scholz "falará novamente por telefone com o Presidente russo no final da tarde de hoje", disse o porta-voz do chanceler alemão, Steffen Hebestreit, citado pela AFP.

O porta-voz disse que a conversa de Scholz com Putin foi acordada com Macron, com quem o chanceler alemão também falou no domingo.

"Todos os esforços diplomáticos que estamos atualmente a fazer em conjunto visam evitar uma catástrofe" na Ucrânia, disse o porta-voz.

Em Bruxelas, à entrada para uma reunião com os chefes da diplomacia da UE, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, saudou esta manhã a organização de uma cimeira Putin-Biden.

Kuleba disse que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, lhe assegurou que, "tal como tem sido o caso até agora, não serão tomadas decisões sobre a Ucrânia nas costas da Ucrânia".

Em Kiev, o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa ucraniano, Oleksiy Danylov, avisou hoje que Putin e Biden não podem decidir o destino da Ucrânia sem ter em conta a opinião das autoridades do país.

"Se Putin e Biden se encontrarem, e a questão ucraniana for aí discutida, acreditem, sem nós ninguém será capaz de resolver o nosso problema", disse Danilov, citado pela EFE.

"Trata-se do nosso país e dos nossos cidadãos", disse.

O Ocidente acusa a Rússia de querer invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

A Rússia nega essa intenção, mas exige garantias de que a Ucrânia nunca se tornará membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Nos últimos dias, intensificou-se o conflito na região do Donbass, no leste da Ucrânia, que opõe separatistas pró-russos, apoiados por Moscovo, às autoridades ucranianas.

O Ocidente receia que a Rússia possa estar a tentar criar um incidente que justifique um ataque contra a Ucrânia.

Iniciada em 2014, a guerra no Donbass já causou 14.000 mortos e 1,2 milhões de deslocados, segundo a ONU.