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MNE ucraniano anuncia acordo de princípio para envio de missão de formação militar da UE

Foto: EPA/OLIVIER HOSLET
Foto: EPA/OLIVIER HOSLET

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano revelou hoje, em Bruxelas, que foi alcançado um acordo de princípio com vista ao envio de uma missão de formação militar consultiva da União Europeia (UE) para a Ucrânia, sem forças de combate.

"Chegámos a um acordo de princípio com a União para a UE enviar uma missão de formação militar consultiva para a Ucrânia. Não são forças de combate, são um novo elemento da cooperação entre Ucrânia e UE", declarou Dmytro Kuleba, à saída de um encontro de trabalho com os chefes de diplomacia dos 27, hoje reunidos em Bruxelas.

O chefe da diplomacia ucraniana disse que "os detalhes, os parâmetros e o calendário do envio dessa missão ainda têm de ser discutidos", mas sublinhou que "é muito importante abrir esta nova página nas relações" entre UE e Ucrânia, face à crescente ameaça russa.

Kuleba voltou a exortar "os colegas da União Europeia a darem à Ucrânia uma perspetiva europeia", argumentando que "a melhor decisão estratégica que a UE pode tomar agora para melhorar a situação de segurança é enviar um sinal claro à Rússia".

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano participou hoje num pequeno-almoço informal com os seus homólogos da UE, entre os quais o ministro Augusto Santos Silva, que, a 27, vão continuar a discutir a crise a leste e a crescente ameaça de um conflito militar entre Rússia e Ucrânia.

A discussão tem já em conta os desenvolvimentos das últimas 24 horas, designadamente o acordo de princípio entre os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, de realizarem uma cimeira sobre a segurança, proposta pelo Presidente da França, Emmanuel Macron, e saudada pelo próprio chefe da diplomacia ucraniana à sua chegada ao Conselho, hoje de manhã na capital belga.

"Falei durante a noite com o secretário de Estado [norte-americano, Antony] Blinken, que me informou sobre a iniciativa. Nós saudamos esta iniciativa. Acreditamos que todos os esforços que visam uma solução diplomática valem a pena", declarou.

Apontando que o chefe da diplomacia norte-americana lhe assegurou que, "tal como tem sido o caso até agora, não serão tomadas decisões sobre a Ucrânia nas costas da Ucrânia", o ministro ucraniano disse esperar que o encontro entre Joe Biden e Vladimir Putin resulte num acordo.

"Esperamos claro, como seres humanos, como alguém que desesperadamente quer evitar a guerra, que os dois Presidentes saíam da sala com um acordo que contemple a retirada das forças da Rússia", disse, insistindo que essa é a questão-chave para o desanuviamento das tensões, pois, "se tal não acontecer, significa que seguimos na mesma lógica de escalada da Rússia".

Já quanto ao encontro informal que manteve hoje de manhã com os chefes de diplomacia dos 27 Estados-membros do bloco comunitário, Kuleba tinha dito que esperava que a União Europeia tomasse e anunciasse "decisões".

"Esperamos decisões. Há muitas decisões que a UE pode tomar agora para enviar mensagens claras para a Rússia no sentido de que esta escalada não será tolerada e que a Ucrânia não será deixada sozinha. Tal inclui não apenas sinais políticos, mas também ações muito específicas, como apoiar o desenvolvimento do setor de defesa, da cibersegurança e impor algumas das sanções" já previstas em caso de agressão russa, disse o representante ucraniano.

No final da reunião, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, deverá dar conta das discussões numa conferência de imprensa.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Nos últimos dias, o clima de tensão agravou-se ainda mais perante o aumento dos confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, na região do Donbass, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.