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Mulher de Alex Saab desmente que ele tenha sido contratado pela DEA norte-americana

Foto TRIBUNAL FEDERAL DA FLORIDA
Foto TRIBUNAL FEDERAL DA FLORIDA

Camilla Saab, mulher do empresário colombiano Alex Saab, considerado testa-de-ferro do Presidente venezuelano Nicolás Maduro, desmentiu hoje que ele tenha sido secretamente contratado pela agência norte-americana antidrogas (DEA).

"Os Estados Unidos mentem descaradamente (...) Alex Saab jamais prejudicará a Venezuela, não o tem feito nem o fará", escreveu Camilla Saab na sua conta do Twitter.

Na mesma rede social a mulher de Alex Saab diz que "não é um crime cumprir uma missão diplomática" nem "evadir sanções que estão prejudicando todo um país".

Camilla Saab acompanha a sua mensagem com um comunicado de David B. Rivkin, advogado de Alex Saab, onde o empresário colombiano confirma que manteve reuniões com o Departamento de Justiça e agentes das forças de ordem público dos EUA, mas "deseja esclarecer que o único propósito era confirmar que nem ele nem as empresas associadas com ele teriam feito nada mau".

"O senhor Saab declara da forma mais rotunda possível que qualquer suposta interação com o Departamento de Justiça e vários agentes das forças de ordem público, se levou a cabo com o pleno conhecimento e apoio da República Bolivariana da Venezuela", explica o documento.

Também que os documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos EUA foram "uma tentativa de prejudicar os interesses da República Bolivariana da Venezuela, para tratar de debilitar a solidez da relação entre Alex Saab e a Venezuela e evidencia ainda mais a debilidade das acusações penais formuladas contra ele".

"Alex Saab continua a ser um cidadão leal e diplomático da República Bolivariana da Venezuela e nunca fará nada que prejudique os interesses do país e do povo que tanto lhe tem dado", conclui.

Informações judiciais divulgadas quarta-feira nos EUA davam conta que o empresário colombiano Alex Saab foi secretamente contratado pela agência norte-americana antidrogas (DEA) como fonte em 2018, dando informações sobre subornos às autoridades da Venezuela.

Saab perdeu quase 10 milhões de dólares (cerca de 8,8 milhões de euros) da sua fortuna como parte do seu acordo de cooperação com os Estados Unidos, que incluiu várias reuniões com a polícia norte-americana na Colômbia e noutros locais.

No entanto, o empresário foi desativado como fonte após não ter cumprido um prazo de 30 maio de 2019 para se entregar.

Dois meses depois, Alex Saab foi indiciado no tribunal federal de Miami (Estados Unidos) sob a acusação de desviar milhões de contratos estatais para construir moradias para o governo socialista da Venezuela.

Os Estados Unidos descreveram Saab como sendo o principal canal de corrupção na Venezuela, alguém que colheu enormes lucros de contratos duvidosos para importar alimentos, enquanto milhões de pessoas naquele país passavam fome.

Em 06 de janeiro, o Governo venezuelano condicionou uma eventual retoma do diálogo com a oposição à libertação do empresário colombiano Alex Saab, detido nos EUA por suspeita de lavagem e dinheiro e tido como testa-de-ferro de Nicolás Maduro.

"Querem diálogo? Libertem Alex Saab para que se incorpore à mesa de diálogo com as 'oposições' venezuelanas", disse Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional (AN), organismo dirigido por apoiantes do regime e onde o chavismo detém a maioria.

Alex Saab, 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, com passaporte diplomático, enquanto 'enviado especial' do Governo venezuelano.

A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.

Washington pediu a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.