Crónicas

Terror urbanístico

Um secretário de Estado das Autonomias é humilhação sem igual. Este é o trajecto lamentável anti-autonomista do PS

O episódio da aprovação, em Machico, de quatro aviários junto ao projecto turístico do campo de golfe do Santo da Serra obriga a decisões públicas urgentes.

É para isso que servem os políticos!

É inadmissível que se prepare e aprove, de forma sorrateira, um projecto tão imundo quando se sabe que ao lado está um dos mais bonitos campos de golfe do mundo que, por sua vez, procura parceiro e financiamento para construir mais uma maravilha da hotelaria do melhor destino insular do mundo. O qual só não está já construído por causa da brutalidade da crise financeira mundial que só se desvaneceu em 2014.

O que devia ser o orgulho de Machico afinal é motivo do seu desprezo.

É preciso odiar a sua própria terra natal para lhe fazer tanto mal. E ao que ela tem.

Como costumo dizer: Deus criou o melhor destino do mundo e os madeirenses destroem-no.

A atitude da Câmara de Machico, alavancada por ex-figura proeminente do maior partido político regional, é de uma invulgar gravidade. Só se pode encontrar justificação suficiente nas poderosas teias dos interesses económicos, empresariais e políticos que são férteis na nossa “ilhinha”.

Sempre um jogo promíscuo que não olha a atropelos e abusos. É um resolve tudo à moda do todo poderoso interessado.

Devo dizer, porque é verdade, que tenho simpatia pessoal pelo actual presidente da Câmara Municipal, Ricardo Franco. Somos de partidos opostos mas, quando nos cruzámos, admiti estar com pessoa equilibrada com quem se podia conversar e colaborar. Espero não me ter enganado, mas preciso da sua desmarcação de tão prejudicial decisão para Machico e para a Madeira.

Sem falar dos verdadeiros monstros edificados no Funchal, estes aviários rivalizam com a estúpida objeção para ser feita uma marina na Ribeira do Porto Novo com o propósito de lá implantar uma central de lixo da zona leste da Ilha. E lá está, certamente para “orgasmo” mental do seu ideólogo: um dos encarregados de destruir o melhor destino do mundo.

Ao que me dizem o lixo e os aviários cruzam-se.

E, desde logo, o que está aqui em causa é ficar a ideia, ou a certeza, que tudo pode ser feito na Madeira. Ou seja, qualquer cidadão ou empresário pode investir na compra de terreno para casa ou hotel e, logo ao lado, ser aprovada a construção de uma qualquer pocilga. Por falta de planos, leis ou regras o certo é ninguém poder estar seguro de não ver a sua propriedade prejudicada pela ganância de uns poucos e conhecidos.

Neste caso, o terreno para ser construído hotel e aldeamento turístico é do governo regional e foi concessionado ao Clube de Golf do Santo da Serra exclusivamente para esse fim turístico. O que a Câmara Municipal de Machico quer impedir, sabendo deste projecto há mais de dez anos.

Já é tempo da Madeira ter um parque, à semelhança dos parques industriais, exclusivamente para a pecuária e actividades afins. Nenhum programa político tem semelhante propósito. No próximo ano temos eleições.

Secretário de Estado das Autonomias

Esta é a mais infeliz proposta vinda dos lados socialistas. Miguel Silva Gouveia sugere Paulo Cafôfo para Secretário de Estado das Comunidades e Autonomias. Só pode ser, no âmbito das quezílias internas do PS, tiro para liquidar, em definitivo, Paulo Cafôfo. Temos um Ministro da República para cada uma das Autonomias. Até achamos que os cargos deviam ser extintos e o relacionamento a ser feito directamente com o Presidente da República. A ridícula proposta pretende que tanto o Ministro da República como o Presidente do Governo Regional vão a despacho com um mero Secretário de Estado, sem estatuto nem qualificação política, para relacionar as Autonomias com o Estado. Seria uma humilhação para as Autonomias, própria do PS, sempre contra a autonomia regional. Este é o lamentável e persistente trajecto anti-autonomista do Partido Socialista, matriz assumida pela sua delegação regional. O lugar do PS na História da Autonomia da Madeira é junto ao caixote do lixo!

Eleições

É preciso deixar assentar a poeira e calar o ruído. Depois, virá a opinião.

Lisboa “amiga”

“Os Governos da Madeira têm tido um relacionamento mais profícuo com as maiorias PS”, Paulo Miguel Rodrigues - docente universitário, “in Diário”.

Uma declaração que precisa comentário.

Em matéria financeira, os governos PS beneficiaram da boa gestão do imediatamente anterior governo do PSD. Ao contrário, os governos do PSD herdaram situações financeiras caóticas da má gestão socialista. Foi sempre em austeridade, o que dificultou a concessão de apoios. Ou seja, os governos PS tinham sempre folga para distribuir, enquanto os do PSD geriam crises, recebidas do PS.

Foi assim que António Guterres se tornou o “maior” patrocinador socialista da Autonomia ao pagar, em 1997, quase toda a dívida pública da Madeira para poder limpar a dívida dos Açores, herdada pelo socialista recém eleito presidente, Carlos César. Mas também é certo que José Sócrates matou o Centro Internacional de Negócios da Madeira, ainda que com cumplicidades regionais. Na sala VIP do aeroporto da Madeira, em escala entre Caracas e Lisboa.

Apoiantes de Rui Rio

Há derrotas que se percebem à distância. E o mais ridículo é já estarem a inventar soluções. Cómico!

Oiço apelo para ser feita grande reflexão sobre o partido. Agora? E porque não antes de todas estas asneiras como forma de evitar a presente humilhação?

O grande responsável não é Rui Rio mas os que o incentivaram para uma estratégia perdedora e suicida.

Golfe no Porto Santo

O campo de golfe da Ilha ficou sem o seu carismático profissional, não tem director, nem técnico “green keeper” e o estado das relvas é geralmente mau. A água é escassa o que dificulta. A vedação exterior está destruída e abandonada.

Não estou a “deitar pedra” mas a ajudar a reconstruir. É uma infraestrutura fundamental. Tenho falado aos responsáveis desde há muito.

Hoje chega um novo profissional que substitui Andrew Oliveira. A saída do Andrew é notícia triste, não só para o golfe como para o Porto Santo. Parte para uma merecida nova etapa da sua vida profissional, agora no Santo da Serra. Vai fazer saudades. É um Homem generoso e extraordinário, que certamente será sempre recordado na Ilha. Sei o que pensa do que fica para trás.

O campo de golfe, se em boas condições, é uma importante mais valia para a Ilha. Uma âncora dinâmica. Foi construído com esse propósito. E não estão alteradas as premissas que determinaram o investimento.

Canárias tem trinta campos de golfe. E a água é uma enorme carência. As suas relvas são melhores que um pano de bilhar. Como devem ser. Grande parte do seu turismo é hoje de elevada qualidade. Os seus novos hotéis são cada vez mais luxuosos. O preço tem subido muito. Certamente os lucros. É natural que se continuem construindo novos campos de golfe.

Aqui, no próximo campo da Ponta do Pargo (?) já foram gastos dezenas de milhões de euros e …… temos nada. Se é para seguir o exemplo de Porto Santo julgo ser melhor desistir. A exemplo de outros “investimentos” já entretanto abandonados.

Na verdade, temos tido dinheiro para investir mas já não temos para a necessária manutenção. E gestão.

João Rendeiro

Há coisas que são inexplicáveis. A mulher de João Rendeiro disse no Tribunal que o marido estava na África do Sul. Este registou-se, num bom hotel de uma grande cidade, com o seu nome verdadeiro.

Quem anda fugido, e não quer ser encontrado, procede desta maneira?