Análise

Não nos calam

Após 48 mil Edições, sobra uma certeza: sem o DIÁRIO, alguns não tinham nada para escrever

Assinalámos na passada semana 48 mil edições de DIÁRIO, jornal que se faz todos os dias, e agora a toda a hora na sua dimensão digital, com o contributo inexcedível de muitas vontades, empenhadas em respeitar o estatuto editorial, em honrar a missão de informar e em servir os madeirenses onde quer que se encontrem.

Com a criatividade de cada profissional, com a dedicação de vários departamentos, com a confiança dos leitores, com o investimento dos accionistas, com a aposta dos anunciantes e com o apelo permanente da sociedade à nossa intervenção tem sido possível partilhar um considerável número de conteúdos para que, em cada momento, quem nos lê e segue possa fazer escolhas mais conscientes e assertivas.

Orgulhamo-nos de honrar um legado com 145 anos, de mesmo sendo uma empresa privada prestar serviço público, de detectar problemas sem descurar soluções, de monitorizar poderes sem ignorar as suas propostas, de promover o talento e o mérito sem marginalizar os que devem à sorte e à oportunidade, de debater o futuro, dando palco à diversidade democrática e voz aos que ainda sentem a importância da mediação.

Nem sempre fizemos tudo bem, com a excelência que quem paga para ser bem servido exige. Errámos por vários motivos, mas nunca de forma propositada. Fomos porventura superficiais quando poderíamos ter ido mais longe, houvesse em muitos casos maior cooperação na obtenção de provas. Por vezes, esperámos sentados pelo óbvio quando era determinante fazer diferente. Acomodamo-nos quando devíamos ser mais desconfiados das narrativas assentes em falsidades e alucinações.

Mas fizemos opções, sempre discutíveis e discutidas, por vezes em circunstâncias inimagináveis, pressionados pela necessidade, pelo tempo ou pela limitação de recursos. Resolvemos e fizemos acontecer, mesmo que sem a solidariedade de muitos daqueles que deviam pugnar e defender um dos pilares da democracia e apenas cuidaram de si e daquilo que tornaram como seu. Fomos insultados e apedrejados. Resistimos aos garrotes, aos ajustes de contas e aos ódios. E ainda fomentamos a pluralidade essencial na comunidade e ignoramos a intrujice, não raras vezes alimentada por quem, sem escrúpulos, ousa denegrir o palco que lhe dá fama e cuspir no prato que come.

Demos sempre mais do que nos foi pedido, sem medos das provocações, chantagens e queixinhas, sobretudo as oriundas de vários quadrantes políticos ainda sem traquejo, nem arte para perceber que nenhum resultado eleitoral legitima vinganças pessoais ou arrogâncias doentias. Suportámos a ingratidão, mormente daqueles que nos ligam insistentemente a pedir visibilidade e exclusivos, mas que não aceitam o escrutínio, nem toleram a crítica, não distinguem a notícia da opinião, nem fazem ideia de como se faz jornalismo.

Faltam-nos 5 anos e alguns meses para as 50 mil, marco para festejar em Agosto de 2027, convictos da responsabilidade acrescida que é estar nas palmas das mãos dos madeirenses que pedem o melhor para os seus mundos numa era em que as ‘fakes’ se propagam de forma estonteante e em que as manobras de diversão tendem a anestesiar consciências. Tentaremos ser resilientes como até agora, de forma a que a relação de confiança se mantenha e se reforce na diversidade de plataformas e de momentos, sempre em nome do interesse colectivo.

Podem contar com a nossa entrega à grande causa da informação, mesmo que alguns ensaiem bloqueios tecnológicos, interponham recursos junto dos reguladores e nos façam perder tempo em tribunal. Vamos ter que fazer opções drásticas, algumas sensíveis para quem abusou das liberdades, mas todas consequentes, decorrentes das posturas assumidas publicamente. Não vamos dar descanso à ignorância atrevida, à mentira compulsiva e ao terrorismo verbal. E com frontalidade, denunciaremos quem puser a verdade em risco. Foi assim com aqueles que, a mando da grande fraude, um dia cantaram à nossa porta que só queriam ver o DIÁRIO a arder.