Madeira

“Nós em Machico não nos agachámos a ninguém”

Presidente da Câmara deixa aviso ao Governo Regional

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A “forma arbitrária, arrogante e prepotente” com que o Governo Regional trata as autarquias lideradas pelo PS foi a tónica da intervenção do presidente da Câmara Municipal de Machico, Ricardo Franco, esta manhã, na apresentação da moção de estratégia global que Sérgio Gonçalves, único candidato à presidência do PS-Madeira, levará ao próximo Congresso Regional do partido.

Desafiado a falar como é ser autarca do PS na Madeira, Ricardo Franco foi directo ao assunto, ao denunciar a “discriminação” que as autarquias lideradas por executivos socialistas enfrentam no tratamento dado pelo Governo Regional.

“Temos um Governo Regional com o qual contamos com nada. Contamos com zero”, afirmou o autarca que desde final de 2013 lidera o Município de Machico. Assegura que desde então o Governo Regional “está de ‘costas voltadas’ com as autarquias que não são do PSD, principalmente as do PS”, como é o caso de Machico que sob a governação socialista “nem 1 cêntimo de apoio” recebeu do Governo Regional.

O mesmo governo que “dá 80% dos caminhos agrícolas a Câmara de Lobos e a Machico zero”, comparou.

Exemplo bem recente do autoritarismo e sobranceria do Governo Regional em Machico diz ser a “intervenção em espaço municipal” referindo-se à obra junto à Escola Básica da Ribeira de Machico – que hoje é notícia na edição impressa do DIÁRIO - que a Câmara Municipal decretou o embargo.

“Acham normal que o nosso vizinho vá à nossa casa e intervenha sem nos consultar? Parece que é tudo nosso. Agem na lógica: nós é que sabemos, nós é que mandamos”, repudiou.

Criticou também “o secretário Pedro Fino de armar-se em vítima”, reagindo à justificação dada ao DIÁRIO pelo promotor da obra, a Secretaria Regional dos Equipamentos e Infraestruturas.

Ricardo Franco deixou avisos: “Vai haver consequências” e a garantia “nós em Machico não nos agachámos a ninguém”. Declaração de força que arrancou forte ovação da quase centena de militantes que enchia a sala de cinema convertida em palco partidário.

Em relação ao PS, lembrou que “Paulo Cafôfo já iniciou a revolução serena na Madeira. Só falta concretizar esta revolução”, afirmou.

Com Sérgio Gonçalves na presidência do PS-M, confia que as Regionais em 2023 poderá concretizar a reviravolta ambicionada. “E o PS ter a oportunidade de governar a Madeira e aí é que se verá a diferença”.

Antes felicitou Sérgio Gonçalves “pela coragem, por se ter disponibilizado para aceitar este desafio numa terra complicada político/partidária”. Por experiência própria, garante que “é mesmo complicado o exercício do poder [autárquico]” face ao tratamento desigual a que estão sujeitos do Governo Regional, “adversários que ficam incomodados com a nossa relação com a população, porque não estão habituados a ter este tipo de política de proximidade”, concretizou.