Mundo

Entrega-se ex-deputado aliado de Bolsonaro que atacou polícias

Foto NANCY AYUMI KUNIHIRO/Shutterstock.com
Foto NANCY AYUMI KUNIHIRO/Shutterstock.com

O ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que no domingo lançou uma granada e disparou sobre um grupo de polícias quando se preparava para o deter, entregou-se às autoridades algumas horas depois.

"Como confirmei com o ministro da Justiça, Anderson Torres, Roberto Jefferson acaba de ser preso, e o nome de quem dispara sobre polícias é bandido. Presto a minha solidariedade aos polícias feridos no episódio", declarou Bolsonaro num vídeo.

Segundo um comunicado da Polícia Federal, dois agentes ficaram feridos com estilhaços da granada lançada por Jefferson, que também atirou sobre uma das patrulhas enviadas a sua casa, em Comendador Levy Gasparian, a cerca de 140 quilómetros do Rio de Janeiro.

De acordo com a nota, os dois agentes "foram imediatamente levados" para o serviço de urgências de um hospital e "após atendimento médico, tiveram alta e estão bem".

O ataque ocorreu quando os agentes da polícia foram deter Jefferson, que estava em prisão domiciliária desde 2021.

A prisão foi decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, em resposta aos insultos proferidos por Jefferson contra a magistrada daquela instância judicial, Cármen Lúcia Antunes Rocha.

O próprio Jefferson, durante as oito horas em que permaneceu barricado na sua residência, confirmou que disparou sobre os agentes, num vídeo divulgado nas redes sociais.

"Eu atirei no carro e não em alguém", asseverou o político, acrescentando que não se entregaria porque se sentiu "humilhado".

Ao longo dessas oito horas, vários políticos "bolsonaristas" se deslocaram à residência onde Jefferson estava entrincheirado, entre os quais o sacerdote ortodoxo Padre Kelmon, que tomou o lugar do ex-deputado quando a sua candidatura foi vetada.

Jefferson apresentou-se como candidato às presidenciais no Brasil, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou, em agosto passado, a sua candidatura por ter sido condenado pela Justiça.

O político foi condenado a sete anos de prisão em 2013, por denunciar e admitir, na qualidade de informador, ter beneficiado de um caso de corrupção ocorrido durante o Governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, de quem foi também aliado.

Foi indultado e libertado em 2016, mas continua em vigor a suspensão dos seus direitos políticos.

Em 2019, Jefferson aproximou-se de Bolsonaro, enterrando a história de centro-esquerda do Partido Democrático Trabalhista, a que ainda preside, para se juntar à extrema-direita.

Esta semana, Jefferson atacou num vídeo a juíza do Supremo Tribunal pela sua ação em sentenças do TSE, do qual Rocha também faz parte, e, por isso, o magistrado Alexandre de Moraes ordenou a revogação da sua prisão domiciliária e o regresso ao regime de prisão efetiva.

Antes de confirmar a detenção, durante uma transmissão na Internet, Jair Bolsonaro expressou o seu "repúdio" pelos insultos de Jefferson à magistrada e pelo ataque aos agentes policiais, negando também que o político faça parte da sua equipa de campanha para a reeleição.

O ex-presidente Lula da Silva, candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, também condenou, numa conferência de imprensa, "as ofensas inadmissíveis" de Jefferson à "alta magistrada" e o seu ataque aos polícias.