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Empresas de distribuição apresentam hoje compromisso para a descarbonização do sector

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A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) apresenta hoje o roteiro de descarbonização para o setor, em que as empresas que vão assinar o compromisso "representam já 81% do volume de negócios" da entidade.

"Este é um ponto de partida para um grande movimento e é um impulso muito importante para uma ação coletiva dos associados da APED numa matéria que é tentar dar resposta aos desafios das alterações climáticas e rumo à descarbonização", diz, em declarações à Lusa, o diretor-geral da associação, Gonçalo Lobo Xavier.

Portugal, como todos os países da União Europeia, tem um conjunto de compromissos "muito relevante" para as próximas décadas e o que a APED pretende "é que este roteiro seja uma referência para os associados no que diz respeito às recomendações e prioridades de atuação".

Gonçalo Lobo Xavier admite que "é muito fácil falar", mas "concretizar e ter ações muito específicas é que exige muito das empresas e a APED assume essa responsabilidade".

Este roteiro é "uma orientação para os associados subscritores assumirem o compromisso de trabalharem em conjunto para contribuir para a ambição coletiva, através de vários princípios comuns: visão, a ação, a responsabilidade e a colaboração", defende o diretor-geral.

"Em termos de volume de negócios, estas empresas que já estão comprometidas e que vão assinar hoje este compromisso representam já 81% do volume de negócios que a APED assume e já estão presentes em 54% das lojas de retalho" que a associação representa, refere.

Juntos pela Descarbonização - APED

O que é o Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição Desenvolvido pela APED, com o apoio da PwC, o Roteiro para a Descarbonização da Distribuição tem como objetivo apoiar as empresas associadas na resposta aos desafios das Alterações Climáticas, rumo à descarbonização do setor em Portugal até 2040. O Roteiro pretende reunir as […]

Em termos globais, "estamos aqui a falar de mais de 2.430 lojas por todo o país, num universo de 4.400 que fazem parte da APED", detalha o responsável, que mesmo assim ambiciona mais.

"Nós queremos sempre mais", prossegue, sublinhando que "este é um compromisso" dos associados "para investir de forma contínua na capacitação das suas equipas e na investigação e desenvolvimento para colocar a inovação ao serviço do consumidor".

Nesse sentido, "vamos continuar a focar na eficiência para promover uma melhor experiência ao consumidor e continuamos com o nosso compromisso em seguir as melhores práticas para a poupança de energia", aponta, referindo que há várias dimensões que "naturalmente contribuem para o desígnio da descarbonização, que é algo que o setor quer assumir como responsabilidade sua".

Este "é um roteiro para todas as empresas associadas da APED e que representam 11% do PIB [Produto Interno Bruto] do país", enfatiza, apontado que, em grosso mundo, o setor conta com cerca de 140.000 colaboradores.

"Portanto, estamos aqui comprometidos e estamos aqui a assumir que a descarbonização é um objetivo para a distribuição, é algo que vai obrigar a promover adaptações de negócios e colaborar com outras empresas do setor e envolver todos os 'stakeholders'", diz.

Este roteiro tem "compromissos claros e objetivos mínimos claros" de curto (2025), médio (2030) e longo (2040) prazo, em que existem vários pilares de atuação, desde a questão climática, 'governance', redução de emissões, sustentabilidade, entre outras.

Questionado sobre o grande desafio do setor na descarbonização, Gonçalo Lobo Xavier refere que "implementar uma política interna de descarbonização tem que abranger todos os colaboradores e prestadores de serviços".

Ou seja, "estamos a falar de monitorizar consumos de energia na atividade da empresa e quantificar as emissões diretas e indiretas das próprias operações. Ora, este é o principal desafio, porque muitas vezes as empresas, pelas suas próprias atividades, não têm uma ferramenta que lhes permita quantificar e monitorizar os seus consumos", diz.

Agora ainda mais a questão do consumo energético está na ordem do dia, nomeadamente devido à subida imparável dos preços da energia.

Por isso, "quantificar as emissões e saber o que é que contribui para o aumento ou para a diminuição das emissões" é "numa primeira fase o grande desafio.

"Nós trabalhámos com a PwC para desenhar uma ferramenta que facilmente as empresas possam utilizar para quantificar as emissões geradas pelas operações", acrescenta.

De adesão voluntária, o roteiro para a descarbonização é um projeto do setor iniciado em 2021 e que pretende levar as empresas associadas, independentemente da sua dimensão ou área de atividade, a integrarem compromissos de sustentabilidade na sua estratégia e a congregarem-se numa ação coletiva do setor, que pretende ser uma referência na resposta aos desafios das alterações climáticas, de acordo com a APED.