Artigos

Solidariedade com as forças de segurança

Quanto ao dito juiz, limito-me a constatar o óbvio: cada uma das suas palavras não ultrapassou o nível ético-moral de quem as proferiu, ou seja, o da indignidade

Hoje, não focarei a minha reflexão sobre os professores ou os educadores, nem sobre a vida nas escolas. Não faltavam razões para o fazer, como, por exemplo, as injustiças no sistema de avaliação; os problemas causados pela antecipação da abertura do ano letivo; a falta de professores desde o reinício das aulas; a resistência da Assembleia da República na aprovação de um regime específico de aposentação para os docentes; a indiferença dos nossos governantes em relação ao mais ameaçador problema que a educação enfrenta: o envelhecimento galopante da classe docente, entre tantos outros.

Tudo isso daria para milhares e milhares de reflexões e, até, para dissertações ou teses de doutoramento. No entanto, porque não podemos viver como se fôssemos ilhas sociais ou profissionais e porque a responsabilidade social nos deve manter sensíveis ao que se passa ao nosso lado, trarei, aqui, à colação dois temas relacionados com as forças de segurança que, recentemente, mereceram destaque na comunicação social, mas que, rapidamente poderão cair no esquecimento geral, se deles não extrairmos as devidas ilações: a atualização do subsídio de risco das forças de segurança e a baixeza ético-moral do juiz negacionista que insultou os agentes que faziam o policiamento de uma manifestação de apoio ao dito.

Em relação ao subsídio de risco, em primeiro lugar, manifesto o meu total apoio à reivindicação destes trabalhadores, que, inegavelmente, para desempenhar as suas funções profissionais, com competência, têm de correr riscos acrescidos. Na verdade, ninguém espera que um agente de segurança, perante uma violação da lei, sobretudo se violenta e potencialmente criminosa, fique impávido e sereno a contemplar o violador, aguardando que se retire para não ser perturbado no exercício da sua ação. Seria ridículo e despertaria a nossa revolta. Não há dúvida de que a interação de um agente de segurança com qualquer prevaricador tem sempre riscos, numa escala que vai do grau mais ligeiro até ao mais grave, que poderá ser fatal.

Ficamos, por isso, a aguardar que esta atualização seja o princípio de um processo que culmine com um subsídio que esteja ao nível do risco efetivo que correm as forças de segurança, o que, neste momento, não acontece.

Quanto ao dito juiz, limito-me a constatar o óbvio: cada uma das suas palavras não ultrapassou o nível ético-moral de quem as proferiu, ou seja, o da indignidade. Tudo foi vil no comportamento daquele cidadão que, quanto mais pretendia superiorizar-se aos seus interlocutores, mais minguava, até atingir o nível do chão, por onde rastejou até desaparecer. Pelo contrário, a impassividade daqueles agentes de segurança engrandeceu-os ao ponto de nos orgulharmos das nossas forças de segurança.

No entanto, uma pergunta ficou no ar: Como pode a magistratura ser permeável a monstruosidades ético-morais destas?