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Greve na Super Bock com "grandes níveis de adesão"

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A greve dos trabalhadores do grupo Super Bock começou hoje com "grandes níveis de adesão", de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab).

Em comunicado, a estrutura sindical garantiu que a paralisação "arrancou hoje com grandes níveis de adesão, apesar das pressões exercidas sobre os trabalhadores nos últimos dias, e de alguns incidentes identificados como violação do direito à greve".

O Sintab revelou ainda que, no serviço de enchimento, durante a manhã, as linhas estiveram quase totalmente paradas, tendo apenas algumas partes funcionado, garantem, com a substituição "por trabalhadores temporários" ou com parte do pessoal, num dos casos.

"No serviço de produção (adega e fabrico de cerveja), em que uma paragem exige procedimentos com seis horas de antecipação, a direção do serviço não precaveu a greve, impossibilitando que os trabalhadores a ela pudessem aderir sem pôr em causa, quer a segurança das instalações e equipamentos, quer a qualidade do produto", salientou o sindicato.

O Sintab garantiu que tinha informação de "vários trabalhadores dos serviços administrativos, a maioria em teletrabalho" que lhe "deram conhecimento da sua intenção de fazer greve".

"As situações identificadas que constituem, no nosso entender, ilegalidades no âmbito da sonegação do direito à greve e substituição de trabalhadores em greve, serão, de imediato, denunciadas às autoridades", anunciou o sindicato.

Os trabalhadores da Super Bock convocaram uma greve entre 05 e 10 de agosto, segundo o pré-aviso do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal, sendo esta a quarta paralisação desde dezembro.

Depois das paralisações em dezembro, março e junho, os trabalhadores da Super Bock agendaram nova greve, com paragens parciais em todos os turnos, por aumentos salariais, pela valorização do trabalho, pela "projeção da riqueza criada" pelo empregador, e contra "a posição irredutível da administração em não evoluir a sua proposta no sentido de a aproximar à dos trabalhadores, respeitando a lógica negocial que se exige, e os sindicatos empregaram".

O pré-aviso de greve abrange a prestação de trabalho nos dias 05, 06, 07, 08, 09 e 10 de agosto, dos trabalhadores dos estabelecimentos da Super Bock Bebidas, empresa sediada em Matosinhos, e todos os trabalhadores em laboração contínua, cuja paralisação é entre as 05:00 e as 23:00, e os dos três turnos rotativos entre segunda e sexta-feira.

Numa nota divulgada em 28 de julho, intitulada "ausência de acordo para aumento salarial dita greve dos trabalhadores da Super Bock", a direção do Sintab justifica a greve com a ausência de acordo para aumento salarial e face ao "desrespeito da empresa pela lógica negocial" e pela "não observância de paralelismo com a distribuição de lucros" pelos acionistas.

O Sintab lembra, na mesma nota, que os sindicatos, em novembro, reivindicaram aumentos salariais de 90 euros, o direito a 25 dias de férias e 35 horas de trabalho semanal e que, numa primeira fase, a empresa se escusou a reunir com os sindicatos "na desculpa da pandemia", o que só veio a acontecer em fevereiro deste ano, quando apresentou uma proposta de aumento zero para 2021.

"Essa postura da empresa levou já a que os trabalhadores tenham estado em greve, durante o mês de junho, e deliberado, em plenário, a necessidade de a empresa apresentar propostas de aumento salarial condizentes com a distribuição de lucros aos acionistas que, em anos de pandemia, atingiram os valores mais altos de sempre", insiste o sindicato.