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Desinvestimento do GR dos Açores justifica quebra no Nordeste

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O presidente da Câmara do Nordeste, nos Açores, afirmou hoje que a falta de investimento no concelho pelo Governo Regional é uma das causas da segunda quebra de população mais acentuada da região nos últimos 10 anos.

Depois de Santa Cruz das Flores, que registou uma perda de 11,7% da população, o concelho do Nordeste, na ilha de São Miguel, foi o que mais habitantes perdeu nos últimos dez anos, com uma quebra de 11,4%, apontam os resultados preliminares dos Censos de 2021 divulgados hoje.

"Está mais do que na hora de o Governo Regional olhar para este concelho, que é periférico, para que, de facto, a gente consiga estagnar essa situação, e até melhorar", defendeu o presidente da Câmara, em declarações à Lusa.

Essa "preocupação constante", que há muito se vem a manifestar no município micaelense, "também advém da falta de investimento, ao longo de alguns anos", por parte do Governo Regional do PS, que esteve à frente do executivo do arquipélago até às eleições de Outubro de 2020, afirmou o autarca, eleito pelo PSD.

Entre os investimentos que o executivo "teimou em não fazer no concelho do Nordeste", está uma "promessa já de há vários anos, que é a requalificação da única zona balnear" do concelho, a Foz da Ribeira do Guilherme".

Pesa também "o facto de ter encerrado as urgências do Centro de Saúde", em 2014.

"A falta da política de saúde de proximidade também faz com que as pessoas sintam dificuldades na fixação no concelho, nomeadamente pessoas com mais idade", frisou.

O autarca destacou o "compromisso deste Governo Regional [PSD/CDS-PP/PPM] em resolver a abertura do internamento e das urgências", bem como de, "recorrendo a fundos comunitários", requalificar a zona balnear.

Mas este é um problema que também concerne ao executivo municipal que "está preocupado com a situação".

Para inverter a tendência, foram desenvolvidas políticas de habitação, de apoio à natalidade e de fixação de empresas no município.

António Miguel Soares realçou a "candidatura do aumento do parque industrial, orçada em um 1,5 milhões de euros, que vai criar 17 lotes para, não só os empresários que estão cá no concelho aumentarem as suas actividades, mas também captar novos investimentos", já aprovada.

Para esta estrutura, que potencia a "oportunidade de criar mais alguns postos de trabalho" no concelho, já há empresas interessadas nas áreas da construção civil e do 'design', mas também oficinas e uma salsicharia, adiantou o edil.

Quanto à "falta de habitações no concelho, que faz com que as pessoas tenham mais dificuldade em fixar-se, devido à opção de alojamento local e turismo em espaço rural", já foi assinado um protocolo com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU).

O acordo tem em vista "a reconstrução e aquisição e remodelação de 75 habitações, com financiamento de cerca de cinco milhões de euros".

Os Açores registaram uma quebra de população residente de 4,1% desde 2011, segundo os dados preliminares dos Censos 2021 revelados hoje, com o concelho da Madalena, na ilha do Pico, a ser o único a registar crescimento (4,7%).

O arquipélago tinha 246.772 habitantes em 2011 e perdeu 10.115 no espaço de 10 anos, o equivalente a 4,1%, tendo agora 236.657 residentes.

A região foi a quarta no país a perder mais população, a seguir ao Alentejo (6,9%), Madeira (6,2%) e Centro (4,3%).

Portugal tem 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011.

Trata-se de uma quebra de 2% relativamente a 2011, consequência de um saldo natural negativo (-250.066 pessoas, segundo os dados provisórios).

O saldo migratório, apesar de positivo, não foi suficiente para inverter a quebra populacional, segundo o INE, que sublinha que, em termos censitários, a única década em que se verificou um decréscimo populacional foi entre 1960 e 1970.

Os dados preliminares mostram que há em Portugal 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).

O Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram as únicas regiões que registaram um crescimento da população nos últimos 10 anos.