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Do alto da Vigia

Madeirense de berço, com 19 anos atravessei o Atlântico para aterrar em Lisboa. Eu e muitos outros fizemos este caminho. Uns encontraram o regresso para casa passados alguns anos, eu continuo por aqui, por vezes pelo Terminal 2 da Portela, pelo Terminal Principal do Humberto Delgado, pelo Aeroporto de Santa Catarina, pelo Aeroporto Cristiano Ronaldo…Uma roda viva de nomes.

“Do alto da Vigia” será o nome deste meu cantinho, onde partilho algumas linhas, breves. Com raízes nortenhas, Porto Moniz é e será sempre a minha casa. O lugar onde volto, mais em pensamento do que ao vivo e a cores, infelizmente. A Vigia é o meu lugar, onde tenho a minha terra espalhada encosta acima, bem debaixo dos meus olhos. Para a frente um imenso mar, olhando para a direita toda uma Costa Norte mágica quando o sol é amigo e o mar está pachorrento. Não há verde como aquele que se vislumbra até São Jorge e o azul transparente que desnuda o que a agitação marítima muitas vezes esconde. Vou estar por aqui, lá na Vigia, onde o tempo pára e o mundo não chega. Todos precisamos de uma Vigia, esse refúgio onde voltamos mesmo sem voltar, que saudades.