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Suspeitos de incitar violência na África do Sul presentes a tribunal

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Vários suspeitos foram hoje presentes a tribunal na África do Sul para serem ouvidos sobre o seu alegado envolvimento nos tumultos e pilhagens que atingiram o país na última semana, segundo fontes locais.

Ngizwe Mchunu, com cerca de 40 anos, compareceu num tribunal em Joanesburgo, acusado de incitar a violência pública. Mchunu é uma das seis pessoas detidas até agora por suspeita de ser um de uma dúzia de alegados instigadores de violência, noticia a agência France-Presse (AFP).

Após a detenção do ex-Presidente Jacob Zuma, a África do Sul mergulhou em protestos e pilhagens sem precedentes na história recente do país. As autoridades contabilizam mais de 200 mortos e pelo menos 40.000 empresas pilhadas, queimadas ou vandalizadas.

A violência, inicialmente concentrada em KwaZulu-Natal, sob a forma de motins, espalhou-se depois por todo o país, num cenário de desemprego elevado e com novas restrições para a contenção da covid-19.

O Governo estima que a violência custe à economia cerca de 50 mil milhões de rands (2,9 mil milhões de euros).

Mchunu, um fervoroso defensor de Zuma, entregou-se depois de as autoridades terem emitido um mandado de captura na sequência da libertação de um vídeo viral em que este apelava para a libertação do antigo Presidente.

Mchunu compareceu no tribunal com uma tradicional faixa zulu feita de pele de cabra e envergando uma máscara de proteção facial com as cores da bandeira sul-africana.

O tribunal negou a libertação sob fiança a Mchunu, antigo apresentador da estação de rádio Ukhozi FM, tendo ordenado o seu regresso ao tribunal em 28 de julho.

Segundo os advogados, Mchunu não apresenta risco de fuga, até porque se entregou voluntariamente.

"Ele não incitou à violência. Isto é liberdade de expressão", defendeu o advogado Stix Madladla.

Segundo o Ministério Público, quatro dos seis suspeitos detidos compareceram em tribunal nos últimos dias, incluindo um membro do pequeno partido da oposição Aliança Patriótica, Bruce Nimmerhoudt, que é acusado de incitar à violência através de uma mensagem de voz na plataforma de troca de mensagens Whatsapp.

Estima-se que vivam cerca de 450.000 portugueses e lusodescendentes na África do Sul, dos quais pelo menos 200 mil em Joanesburgo e Gauteng, e 20.000 no KwaZulu-Natal, mas segundo um conselheiro da diáspora madeirense no país e o Governo não há cidadãos nacionais entre as vítimas.

Cerca de uma centena de negócios de seis grandes empresários portugueses, incluindo filhos de madeirenses, no setor alimentar e de bebidas, foram saqueados e vandalizados.