Pelas mulheres afegãs

EUA e aliados preparam-se para abandonar o Afeganistão após 20 anos de guerra, 3.500 militares mortos sendo 2.400 americanos, 20.000 feridos, 60.000 mortos entre as forças de segurança afegãs, mais de 100.000 mortos entre os civis afegãos e um custo estimado para os contribuintes americanos de 6,4 biliões de dólares. Estes são os enormíssimos custos que para já se percecionam desta longa guerra contra o terrorismo obscurantista dos extremistas talibãs e da al-qaeda, com a finalidade de eliminar os seus principais líderes nomeadamente Osama bin Laden o cérebro dos atentados de 11 de Setembro de 1971 contra os EUA. Os EUA tiveram êxito na eliminação de alguns desses líderes terroristas, mas quanto ao resto daquilo a que se propunham conseguir fracassaram, nomeadamente na implementação de um regime democrático baseado nos princípios que regem as democracias ocidentais, tal como já tinham fracassado no Iraque. Será de todo impossível implementar a democracia nestes países em que uma fortíssima tradição teocrática do islamismo se alia a uma sociedade de valores exclusivamente patriarcais que exclui as mulheres? Creio que sim, se persistirmos em excluir as mulheres afegãs do cerne da luta por esse desígnio, já que só para elas é fundamental a democracia para se emanciparem e libertarem da escravidão obscurantista que as subjuga. Será uma luta longa apelando à intuição, inteligência, paciência tenaz, resistência e sofrimento de que só as mulheres são capazes. Dos muitos milhões de dólares gastos ao abrigo de programas de apoio à sociedade civil afegã só se aproveitaram os que foram empregues em programas destinados a promover a educação e a formação das jovens mulheres afegãs. A luta pela democracia no Afeganistão terá de continuar conduzida pelas mulheres afegãs, sendo uma obrigação moral, ética e civilizacional dos países, organizações internacionais e de todos os que pugnam pela democracia prestar-lhes todo o auxílio possível para que tenham êxito.

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