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Assassínios crescem 4% no Brasil durante a pandemia

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O Brasil registou 50.033 assassínios em 2020 e as mortes violentas cresceram 4% face ao ano de 2019, apesar da pandemia de covid-19, segundo o relatório anual divulgado ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A taxa de mortes violentas intencionais no Brasil foi de 23,6 por 100 mil habitantes em 2020.

A organização indicou que em 2020 os brasileiros não só sofreram com milhares de mortes provocadas pela covid-19, mas também com a retoma do crescimento de mortes violentas, categoria que soma homicídios dolosos (83% do total da categoria em 2020), roubo seguido de morte (2,9% da categoria em 2020), lesões corporais seguidas de morte (1,3% da categoria em 2020).

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que compila e divulga estatísticas oficiais sobre violência anualmente no Brasil, frisou que nem o confinamento social entre abril e maio do ano passado, quando medidas de distanciamento mais rígidas foram adotadas na maior parte do país, evitaram que cerca de seis pessoas morressem violentamente a cada hora no país.

Pessoas do sexo masculino (91,3%), jovens (54,3%) e negros (76,2%) foram as principais vítimas de crimes violentos no país.

O Brasil também registou em 2020 um número maior de pessoas mortas pela polícia. Houve, no país, 6.416 mortes provocadas por agentes das polícias Civil e Militar. Um ligeiro aumento de 0,3% face a 2019.

Das 50.033 mortes violentas ocorridas em 2020, praticamente uma a cada 10 minutos, 3.913 foram mulheres e, desse total, 1.350 foram notificadas como vítimas de feminicídio.

Do total de assassínios registados no Brasil no ano passado, 20,8% correspondem a mulheres, pessoas da comunidade LGBTI+ (sigla para classificar lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgénero, 'queer', intersexuais, assexuais e mais) e polícias.

A mortes violentas provocadas pelo simples facto de as vítimas serem mulheres cresceram 0,7% em 2020 face a 2019, e ocorreram principalmente entre mulheres negras (61,8% do total)com idade entre 18 e 44 anos (74,7% do total).

A maioria das mulheres foram mortas pelos próprios parceiros ou ex-parceiros (81,5% dos casos).

O relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou que quase 15% dos assassínios de mulheres cometidos em 2020, em que os autores do crime eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas, não foram registados devidamente como feminicídio.

Já na comunidade LGBTI+, as mortes violentas passaram de 97 em 2019 para 121 no ano passado, um aumento de 24,7%, número que difere dos números não oficiais recolhidos por organizações não-governamentais no país, que indicam que o número de vítimas dessa comunidade quase dobrou em 2020 (224 pessoas).

Dado o elevado número de mortes violentas ocorridas no Brasil ao longo de 2020, as informações divulgadas pelo Anuário dispararam alarmes devido ao notório aumento de armas de fogo nas ruas.

De acordo com o relatório, no ano passado havia cerca de dois milhões de armas de fogo nas mãos dos brasileiros. Deste total, 186.071 foram registadas em 2020, ano em que houve um aumento de 97,1% no registo de armas de fogo face a 2019.

O relatório apontou que 78% das mortes violentas registadas no Brasil foram provocadas com emprego de armas de fogo.