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Santa Cruz: precisamos de “justiceiros à moda do Povo”

Não podemos silenciar e deixar cair na penumbra do tempo os comportamentos e as opções políticas de separatistas partidários aburguesados pela arrogância no tempo

Há quem deseje apagar a História, ou melhor há quem deseje eliminar, para memória futura, determinados factos históricos que embaraçam o presente, e condicionam o futuro.

Desde que foi criada a primeira capitania dos Descobrimentos a (8 de Maio de 1440, com sede em Machico), e cujo governo foi entregue a Tristão Vaz Teixeira, Santa Cruz ficou na dependência daquela até 1515. O desenvolvimento populacional, o crescimento económico de Santa Cruz e o centralismo da administração da Capitania de Machico conduziu, inevitavelmente, a um processo de autonomia e de separação de Machico. E assim, a 25 de Junho de 1515, e por ação de várias famílias, entre as quais a família Freitas e em especial a do fidalgo da casa del-Rei João de Freitas, Santa Cruz foi elevada à categoria de vila e recebeu o seu foral. Deve-se, também, ao historiador Nelson Veríssimo a correção do erro histórico da data, um aspeto que foi prontamente corrigido pelo então presidente da câmara Savino Correia.

Para a conquista autonómica pesou, essencialmente, as queixas dos moradores de Santa Cruz, Gaula e Camacha que protestavam das distâncias e asperezas dos caminhos, a fim de se deslocarem à sede da Capitania para tratarem dos assuntos vários. O centralismo administrativo foi um dos motivos essenciais na aspiração dos povos. O Caniço recorde-se, na altura, estava subdividido pela Ponta da Oliveira pois os seus moradores tanto tratavam dos assuntos no Funchal como em Machico.

506 anos depois, João de Freitas, que ajudou a libertar Santa Cruz da “escravidão” administrativa e fiscal; que dinamizou a economia local; não tem uma única referência toponímica ou artística em Santa Cruz. Estamos, no tempo certo e oportuno, para perpetuar estas heranças. Precisamos de rostos e de exemplos para não cairmos na escuridão do “alzheimer histórico”.

Em 2013, um plebeu, Filipe Sousa, apoiado pelo Povo, pelos trabalhadores e pelos empresários, enfrentou os despesistas e “desterradores” do dinheiro do Povo de Santa Cruz. Na altura, e com uma dívida de mais de 40 milhões de euros – e sem obra palpável e visível no terreno – encontrou os cofres vazios da câmara. Nem um tostão para ajudar o povo, e com chantagistas à perna a ameaçar com execuções fiscais.

E como se não bastasse, herdou um programa (PAEL), assinado em setembro de 2012, com a ajuda de Paulo Portas e de Pedro Passos Coelho, que carregou mais impostos sobre o povo e sobre as empresas. Um programa que levou ao corte de subsídios para associações e juntas de freguesia; que lançou a derrama sobre os lucros das empresas, que fixou as taxas máximas sobre o IMI e aumentos sobre os serviços de água, saneamento e resíduos.

Enquanto, no resto do arquipélago da Madeira a aristocracia da governança pagava as contas e as dívidas com o aumento dos impostos sobre o povo e sobre as empresas, Santa Cruz não executou esse plano da austeridade. Santa Cruz deu um exemplo aos novos ricaços do Terreiro do Paço; e aos novos burgueses da governança da Madeira, que sabe governar sem aumentar os impostos sobre o povo e sobre as empresas.

Recordemos, para finalizar, algumas declarações da História recente que mostram o espírito chantagista e vingativo da versão tipo “avô cantigas”. Em 2013, Alberto João Jardim – pouco tempo depois de ter assinado e avassalado ao vergonhoso plano de austeridade, e que vendeu a Autonomia por 1500 milhões de empréstimos - ameaçou o Povo de Santa Cruz nestes termos: ”se estes senhores (JPP) ganharem, garanto-vos que esta câmara vai ser executada, e vai ficar tudo penhorado”.

O Alzheimer histórico é tramado! Não podemos silenciar e deixar cair na penumbra do tempo os comportamentos e as opções políticas de separatistas partidários aburguesados pela arrogância no tempo. Jamais!

Precisamos de justiceiros à moda do Povo, para enaltecer e honrar o poder local.