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Agência de energia atómica sem resposta do Irão para prolongar inspecções nucleares

Foto DR
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A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) ainda não recebeu uma resposta do Irão sobre uma eventual prorrogação do acordo temporário sobre inspeções nucleares que expirou, anunciou sexta-feira este organismo.

De acordo com o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, através de uma nota enviada à France-Presse (AFP), Teerão "ainda não respondeu à carta" enviada a propósito do prolongamento deste acordo.

O Irão "não indicou se pretende manter o acordo atual", que possibilita a esta agência continuar a exercer alguma supervisão sobre o programa nuclear iraniano, explicou Grossi.

O responsável insistiu na "importância vital de continuar o trabalho necessário de verificação e monitorização das atividades" do Irão, razão pela qual pediu "uma resposta imediata" das autoridades iranianas.

Na quarta-feira, a televisão estatal iraniana noticiou, a partir de uma informação transmitida pela Presidência, que o Conselho Supremo de Segurança Nacional do país iria decidir sobre a questão na "primeira reunião" depois da expiração do prazo.

Contudo, ainda não há data para o encontro.

Em fevereiro, o Irão restringiu o acesso de dois inspetores e, desde então, tem recusado fornecer informações em tempo real de câmaras e outras ferramentas necessárias para a monitorização do programa nuclear.

Na altura, a AIEA negociou um compromisso de três meses com Teerão para garantir o grau necessário de vigilância, acordo que foi prorrogado em maio até 24 de junho (quinta-feira).

"É uma medida de emergência, um remédio paliativo para evitar navegas às cegas", explicou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica.

O objetivo era conseguir aos diplomatas reunidos em Viena desde o início de abril um pouco mais de tempo para 'salvar' o acordo firmado em 2015.

Também hoje, o Secretário de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), Antony Blinken, disse que era "muito difícil" o regresso de Washington ao acordo nuclear com o Irão, se as negociações continuarem a arrastar-se.

Os EUA abandonaram unilateralmente este acordo em 2018, durante o mandato do republicano Donald Trump, alegando falta de compromissos de Teerão.

No acordo ainda estão o Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia, grupo que está a tentar mediar uma solução que permita o regresso dos Estados Unidos ao acordo, mas o Irão tem insistido na abdicação das sanções impostas em 2018.

Quando chegou à Casa Branca, em janeiro, o Presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, anunciou a intenção de reverter a decisão do antecessor. As negociações foram retomadas em abril, na capital austríaca, entre os países signatários, para definir o quadro que permita esse regresso. A última ronda de negociações acabou no último domingo.

O Joint Comprehensive Plan of Action, popularmente conhecido como o "Acordo Nuclear do Irão", foi assinado em 2015, e essencialmente assentava no compromisso de Teerão de interromper o programa nuclear se acabassem as sanções que prejudicavam a economia iraniana.