Sobre os rankings

Um cliché com 20 anos, foi em 2001 que os tribunais decidiram que os rankings dos exames nacionais deviam ser públicos.

E de lá para cá, quem obtém boas classificações fica feliz e quem não as obtém ataca os rankings.

Eu pessoalmente considero que os dados contidos nos rankings são importantes – para autorreflexão das escolas, mas é fundamental perceber as limitações dos mesmos baseados apenas nestes resultados.

Desde sempre os estudos mostraram que o contexto socioeconómico contribui muito para explicar os resultados académicos dos alunos. O que seria importante de analisar em primeiro lugar é porque é que existem escolas que conseguem ultrapassar essas limitações e outras que não. Assim como importa desmistificar a ideia que não é por um aluno com dificuldades de aprendizagem ir para a escola que ficou em primeiro lugar no ranking que, de repente, passará a ter bons resultados.

Assim sendo, o mais importante não é saber qual a escola que ficou em primeiro ou segundo lugar, mas analisar a informação interna e conjuga-la com a avaliação externa associada aos rankings e naturalmente compreender o Projeto Educativo de cada Escola e a capacidade de “rasgo” da sua administração, isto para além da sua simpatia e se os horários dos docentes são bons ou maus.

Todos temos consciência que a melhor escola, em termos de capacidade de recuperação/ otimização de competências dos alunos e da qualidade do trabalho dos professores pode até não ficar muito bem classificada.

Mas também temos consciência que vale muito a pena olhar para a percentagem de alunos com percursos escolares de sucesso (do 1º ano à entrada na universidade) e para os rankings que podem resultar deste indicador conjugado com o contexto de cada escola.

Não para saber quem está em primeiro lugar, mas para conhecer o desempenho de cada escola, repito para além da menor ou maior simpatia dos seus agentes.

Pois existem "más" escolas nos rankings onde cabem todos os sonhos do mundo pelo poder da coragem, da paciência, da humildade e da ambição dos seus administradores.

E existem "boas" escolas nos mesmos rankings onde não existem sonhos pelo receio, pela fraqueza, pela arrogância e pelo conformismo das suas lideranças..

Joaquim Sousa