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Itália e Tunísia reforçam cooperação na luta contra imigração irregular

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A Itália anunciou ontem a criação de um canal de intercâmbio direto com a Tunísia para coordenar a luta contra a imigração irregular, dois países que integram uma das rotas migratórias mais mortíferas (Mediterrâneo Central) do mundo.

O anúncio foi feito pela ministra do Interior italiana, Luciana Lamorgese, durante uma visita a Tunes, na qual também participou a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson.

Na capital tunisina, as duas representantes propuseram uma ajuda económica à Tunísia, que enfrenta sérias dificuldades económicas, em troca de um esforço das autoridades de Tunes para travar o fluxo migratório em direção à Europa.

A chamada rota do Mediterrâneo Central sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção à Itália, em particular à ilha italiana de Lampedusa, e a Malta.

Esta rota tem sido utilizada por milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.

"A Itália teve a confirmação da vontade [da Tunísia] de estabelecer uma linha direta entre os nossos dois países para a troca de informações" sobre as partidas irregulares, afirmou Luciana Lamorgese, após uma reunião com o chefe do Governo tunisino, Hichem Mechichi, que também assegura interinamente a pasta do Interior.

A par disto, "as autoridades tunisinas aceitaram uma maior flexibilidade nas regras de repatriamento" de pessoas que cheguem de forma irregular a Itália, segundo acrescentou um comunicado do Ministério do Interior italiano.

"Obtivemos resultados políticos muito encorajadores depois das nossas conversações de hoje", disse, por sua vez, a comissária europeia Ylva Johansson, congratulando-se pelo estabelecimento desta "linha direta" entre Tunes e Roma.

A União Europeia (UE) espera "cooperar em investimentos que ajudem a Tunísia a lidar com as consequências económicas da pandemia (...) criando novas oportunidades de emprego, de esperança para os jovens", prosseguiu a representante do executivo comunitário.

O objetivo é ser também, segundo acrescentou a comissária, "uma situação vantajosa para ambas as partes, desenvolvendo uma abordagem abrangente da gestão conjunta da migração, tanto da migração legal como na luta contra a migração irregular".

As saídas de embarcações precárias em direção às costas europeias têm-se multiplicado no último ano na Tunísia, país que atravessa uma grave crise política, social e económica, que se intensificou com a atual crise pandémica.

Os números em 2020 atingiram um pico que não era verificado desde 2011.

Segundo dados oficiais, cerca de 13.000 tunisinos conseguiram atravessar o Mediterrâneo e chegar às costas italianas no ano passado, dos quais cerca de 1.400 eram menores de idade.

Cerca de outros 6.000 foram intercetados em alto mar pelas patrulhas marítimas tunisinas.

Desde janeiro deste ano, mais de 13.350 pessoas chegaram às costas italianas, três vezes mais do que no mesmo período em 2020, de acordo com o Ministério do Interior italiano.

Cerca de 15% destes migrantes são oriundos da Tunísia.