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Ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 "profundamente preocupados" com Myanmar

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Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 expressaram hoje "profunda preocupação" com o golpe de Estado em Myanmar, apelando aos militares para restabelecerem a democracia, num comunicado conjunto divulgado pelo Reino Unido, que detém a presidência rotativa da organização.

"Estamos profundamente preocupados com a detenção de líderes políticos e ativistas da sociedade civil", disseram os chefes da diplomacia britânica, norte-americana, francesa, alemã, italiana, japonesa e canadiana, referindo-se em particular a Aung San Suu Kyi, líder do partido governamental, e de Win Myint, Presidente do governo eleito.

No texto conjunto, os ministros apelam "aos militares para que ponham imediatamente fim ao estado de emergência", "restabeleçam o poder do governo democraticamente eleito", "libertem todos aqueles que foram injustamente detidos" e "respeitem os direitos humanos e o Estado de direito".

A declaração do G7 surge após o Conselho de Segurança da ONU ter reunido de urgência sem chegar a acordo sobre uma posição comum, após o golpe de Estado em Myanmar (antiga Birmânia).

O Presidente deposto, Win Myint, está a ser interrogado na capital, Naypyidaw, depois de ter sido preso na segunda-feira pelos militares, que tomaram o poder, disseram à agência de notícias Efe fontes próximas do político.

Myint, de 69 anos, foi detido pelos militares juntamente com a líder de facto, Aung San Suu Kyi, em Naypyidaw, onde até agora se encontrava, em prisão domiciliária.

"O Presidente U Win Myint está detido num centro de interrogatório militar em Naypyidaw", disse uma fonte à Efe.

O paradeiro de Suu Kyi não é claro, mas na terça-feira um porta-voz do seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND), disse que a laureada com o Nobel da Paz ainda se encontrava em prisão domiciliária na sua residência oficial, na capital, e estava "de boa saúde".

Myint era Presidente desde 2018, embora a líder de facto do país fosse Suu Kyi, nomeada conselheira de estado, um cargo destinado a contornar o artigo da Constituição que veta a presidência a quem tenha parentes estrangeiros imediatos, como é o seu caso.

As detenções e o golpe de Estado militar ocorreram horas antes de o parlamento eleito nas anteriores eleições iniciar a sua primeira sessão.

O Exército de Myanmar declarou na segunda-feira o estado de emergência e assumiu o controlo do país durante um ano.

Myanmar emergiu há apenas 10 anos de um regime militar que estava no poder há quase meio século.

Para justificar o golpe de Estado, imediatamente condenado pela comunidade internacional, os militares asseguraram que as eleições legislativas de novembro passado foram marcadas por "enormes irregularidades", o que a comissão eleitoral nega.

Os militares evocaram ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional.

O partido de Aung San Suu Kyi, que está no poder desde as eleições de 2015, venceu por larga maioria as eleições de novembro.

A vitória eleitoral de Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz 1991, demonstrou a sua grande popularidade em Myanmar, apesar da má reputação internacional pelas políticas contra a minoria rohingya, a quem é negada a cidadania e o voto, entre outros direitos.

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