Vale tudo por Poder?
Vale vender a alma ao Diabo para ter poder? É que não estariam só a vender a vossa alma, mas a alma de todo o madeirense. Não quero ser governada por uma geringonça a puxar pela ditadura.
Tal como ouvi alguém a comentar, nunca é boa ideia negociar com extremistas. Estes são imprevisíveis e voláteis. Cada migalha de atenção, positiva ou negativa que se dá, infelizmente só faz crescer o monstro.
Portugal ainda é um país pouco desenvolvido, ainda há um profundo fosso na desigualdade social, ainda sofre passados mais de 40 anos da ditadura. A ditadura foi uma grande ferida para este país que ainda se reflete nas gerações mais novas.
A Madeira nesse período, sofreu miséria inimaginável. Tenho a certeza que muitos dos leitores têm uns pais como os meus. Nasceram no meu de uma pobreza extrema, com direito a apenas 4º classe de educação, começaram a trabalhar desde crianças e ter um par de sapatos era uma sorte. Aliás, nem crianças foram.
A vida era assim, nunca conheceram outra, mas sempre desejaram melhor, sempre lutaram para que os seus filhos nunca passassem por aquilo, e que tivessem as mesmas oportunidades que os filhos de uma família com poder económico.
Disseram-nos que a educação é uma arma importante, e que não pode ser desvalorizada nem restrita para alguns privilegiados.
E quando falo em educação, falo de educação de valores também.
A direita está aos tumbos, para ser sincera, não acho que faça mais sentido a existência da direita. Pelo menos não assim. Não tem acrescentado nada de bom, só tem trazido medo, intolerância e elitismo.
O respeito pelas pessoas independentemente de como sejam de onde venham, o respeito pela natureza e pelos animais, o respeito pela mulher, deviam estar inerentes à educação de valores, não devia haver necessidade de ser uma arma política. É um pouco triste ter de se colocar direitos básicos nos programas políticos. Estas coisas deviam vir da educação de casa e da educação na escola. Só demonstra algo de errado enraizado nesta sociedade, e que não tem sentido nenhum.
A esquerda deveria estar concentrada a resolver um direito comum a todos, o direito a ter as mesmas oportunidades e a uma vida digna. Acabar de uma vez por todas com este fosso social que há. É triste saber que a minha geração nunca estará sossegada, estará sempre preocupada a ver se o dinheiro chega para ter um tecto onde viver a cada mês.
Há pessoas a desejarem não o regresso do D. Sebastião, mas um novo Salazar para meter ordem nisto. Faz-me confusão como é possível pessoas com escolaridade e pessoas que viveram na ditadura dizerem estas coisas. Já alguém muito sábio dizia, a pobreza de espírito é pior que qualquer outra pobreza. Esta pessoa nem escolaridade tinha, mas era muito mais sábio que muitos dos colarinhos brancos que acham que reinam num país melancólico.
R.N.