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A visão de Cassandra

Estamos a meio de fevereiro. Nos últimos meses, muito aconteceu, mas muito pouco mudou. Aquilo que me parecia uma perspetiva pessimista (retoma no verão), parece-me agora inegavelmente otimista. Já estou a apontar para a primavera de 2022.

E isso será o início da retoma. Os primeiros passos, porque levará anos até que as pessoas recuperem a confiança. Acredito que a vontade de gozar férias, de sair do seu ambiente não tenha desaparecido (provavelmente até terá aumentado…), mas penso que faltarão às pessoas condições simultaneamente financeiras, mas também psicológicas para irem de férias.

E isto será tanto mais verdade para os que viajavam integrados em grupos ou em tour operação. A ideia que entrar num avião, num hotel, num autocarro, com dezenas de outras pessoas. Acredito que consigam ultrapassar a questão do avião, até porque acaba por ser um período relativamente curto, mas aquilo que permite a sustentabilidade de muitas agências de viagens e de ainda mais negócios locais pode estar em causa.

Ainda não se falou disso, mas julgo que o paradigma mudou. Se já antes dizia que não se pode concorrer pelo preço, hoje ainda mais: é preciso fazer a diferença. E não apenas a diferença em termos de ter um produto claramente identificado, e de proteger o que nos faz diferentes – em vez de querer ser igual a tantos outros, mas também o de ter e demonstrar uma enorme preocupação pelos que nos visitam.

Diminuir a lotação dos autocarros, aumentando os espaços individuais, reduzir a lotação dos restaurantes, aumentando o espaço entre as pessoas, procurar diversificar a oferta, encontrando alternativas, que existem, ao mesmo tempo que se espalha a operação por toda a ilha, evitando as tradicionais “armadilhas”.

Estou a ser pessimista? Espero que sim, mas receio que não. Porque em última análise o futuro é, por definição incerto, mas pertencerá aos que melhor se prepararem para ele.

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