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O evidente fracasso da esquerda

Os portugueses pronunciar-se-ão a 30 de janeiro de 2022, certamente sem esquecer o fracasso deste Governo Socialista esgotado

Nos nove minutos da sua comunicação ao país, o Presidente da República não se limitou a confirmar a já anunciada dissolução do Parlamento e a indicar uma data para a realização das eleições legislativas. Marcelo Rebelo de Sousa foi mais longe e foi muito claro: identificou os culpados pela atual crise política indesejada que diz ir muito além da rejeição do orçamento. Culpou claramente a esquerda que tomou conta do país em 2015, na qual se registaram agora “divergências tão maiores que se tornaram inultrapassáveis e que pesaram mais do que o percurso feito em conjunto até aqui, e sobretudo pesaram mais do que a especial importância do momento vivido à saída da pandemia e da crise económica e social, e do que o orçamento a votar nesse momento”.

A rejeição do Orçamento de Estado para o ano 2022 é “(...) de fundo, de substância, por divergências maiores, em áreas sociais relevantes, no orçamento, ou para além dele, como na segurança social ou na legislação do trabalho”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.

Um dia depois da comunicação do Presidente da República ao país, o Ministro das Finanças admitiu que “a crise política não teve a ver com dificuldades orçamentais, nem as questões que estavam em cima da mesa resultavam do que estava associado ao orçamento”. Depois Manuel Alegre, que, numa declaração muito sensata, também comentou as divergências de fundo dizendo que “esta geringonça acabou e que é preciso fazer o luto”. No meio de tudo isto, as declarações de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, que refere que “esta crise é artificial”, não passarão de mais um número ridículo de entretenimento político ou então serão a confirmação da sua própria irresponsabilidade e de que andam, de facto, a brincar com o país. Na verdade, sempre achei que tudo no Bloco de Esquerda é artificial e irritantemente inconsistente.

O Presidente da República referiu que o “cidadão comum” dispensava esta crise num “ano decisivo em Portugal para a saída duradoura da pandemia e da crise económica e social que nos atingiu, até por coincidir com um período irrepetível de acesso a mais fundos europeus”.

Da sua declaração ao país fica, pois, bem claro o que acha: a esquerda não colocou os interesses do país em primeiro lugar num dos momentos mais importantes da nossa história. E, “em momentos como este, existe sempre uma solução em democracia (...), faz parte da vida própria da democracia, devolver a palavra ao povo (...), é o caminho que temos pela frente para refazer a certeza, a segurança, a estabilidade”.

Os portugueses pronunciar-se-ão a 30 de janeiro de 2022, certamente sem esquecer o fracasso deste Governo Socialista esgotado, apoiado por uma esquerda radical, que empurrou o país para mais uma crise e que, como referiu Aníbal Cavaco Silva, num texto muito oportuno, publicado no jornal Expresso, transformou, nos últimos seis anos, Portugal no “campeão europeu do agravamento do empobrecimento relativo” que é um evidente “reflexo de uma vitória dos partidos de extrema-esquerda apoiantes do Governo, de cujos objetivos faz parte a fragilização dos fatores de crescimento da nossa economia”, sempre com uma “atitude ideológica anti grandes empresas e desfavorecedora da iniciativa privada e da inovação”.