Turismo Madeira

Cristina Cabral Ribeiro diz ser preciso mostrar a segurança que se encontra em Portugal

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Helder Santos / ASPRESS

A intermitência dos destinos, devido a possíveis novas vagas, não pode ser esquecida nas perspectivas de futuro. A recuperação do turismo da Europa deverá acontecer em 2024. Já Lisboa foi a região do país mais impactada pela quebra do turismo, seguida da Madeira e dos Açores, devido à pandemia.

Cristina Cabral Ribeiro, sócia da network da PwC Legal, falava no painel I da Conferência Anual do Turismo, que decorre no Centro de Congressos da Madeira. O tema da sua apresentação é ‘Estado do turismo… alguns caminhos’.

O impacto no PIB chegou a mais de metade da contribuição anterior. Portugal, comparativamente com países concorrentes, perdeu mais pessoas no sector do Turismo, pelo que estamos a recrutar “cada vez mais longe” e com maior dificuldade.

No caso da Madeira, os números de dormidas são menores, por passageiro, Eventualmente, existem mais turistas nacionais que têm estadias mais curtas, indicou Cristina Cabral Ribeiro. “Há muitas pessoas que vieram uma ou duas vezes à Madeira. A questão é se elas voltaram, por isso é preciso ter cuidado com eventuais descidas na procura”, referiu.

O turismo da Madeira era, essencialmente, sénior, mas existem outros passageiros que o turismo não pode esquecer. “A covid-19 trouxe-nos um conjunto de diferenças na forma de fazermos turismo”. A geração Z viaja sozinha, por exemplo. As reservas de última hora também têm de ser tidas em conta, uma vez que as pessoas fazem planos mais ‘em cima da hora’.

“Se queremos atrair as pessoas mais novas temos de começar a compreendê-los”, indica a advogada. Além disso, temos de perceber que as pessoas viajam ‘em bolha’, que se movem num grupo de amigos mais restrito. “Na PwC temos de justificar por escrito porque vamos de avião, porque não partilhamos o carro”, exemplificou Cristina Cabral Ribeiro.

Cristina Cabral Ribeiro destacou ainda o ESG (Environmental, Social and Governance) no turismo, salientando o pilar ambiental como um dos mais importantes. A emissão de carbono é grande no sector do turismo, seja pela construção dos edifícios ou pela pegada de carbono através dos transportes aéreos. As emissões de resíduos podem ser reduzidas com os buffets mais pensados e reduzidos e, por exemplo, recorrendo a produtos regionais. Por outro lado, os turistas estão mais preocupados com as pessoas que trabalham na hotelaria e restauração. É ainda necessário apostar na formação neste sector e ter atenção na escolha dos fornecedores, a fim de explicar de onde vem a comida e como funcionam as lavandarias, pois este escrutínio vai acontecer cada vez mais.

A privacidade e segurança de dados é importante, pois queremos saber quem nos procura, mas temos de ter cuidado na forma como tratamos e processamos dados. Cristina Cabral Ribeiro, advogada que se dedica à compra e venda de empresas, afirma que os bancos estão mais conscientes na forma como são feitos investimentos.

Já do lado da governação, muitos grupos hoteleiros estão em fase de transição geracional, pelo que é preciso uma estratégia, que deve ser pensada.

A necessidade de melhorar a experiência é o principal motivo que leva à digitalização e ao investimento em tecnologia. A nível internacional, Portugal está em 7.º lugar, em termos europeus, a nível de marca e comunicação. A segurança e qualidade do nosso espaço é valorizada por quem nos procura. A qualidade do nosso património é também crucial, pois os turistas querem passear éter actividades diferentes.

No entanto, somos menos competitivos a nível de preço, pelo que temos de pensar como nos queremos posicionar. “As tarifas nocturnas nos hotéis do Porto eram baixíssimas, mas com a chegada de novos turistas têm vindo a subir” referiu Cristina Cabral Ribeiro. “Temos de comunicar Portugal” como um local e destino de qualidade.

Entre as lições que advogada retirou da ‘experiência’ covid é a necessidade da autenticidade e da formo como tratamos o turista. “Os turistas não querem fazer turismo na Madeira igual a qualquer outra parte do mundo”, frisou. Além disso, temos de ser ágeis e não podemos voltar aos canais de venda anteriores. Por fim, a adopção digital em grande escala passa pelo foco no turista, tendo uma estratégia digital, que implicar estar cada vez mais tecnológico.

Em jeito de conclusão, a sócia da network da PwC Legal frisou a necessidade de apoiar as entidades locais e de a economia se focar no turismo.