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Alemanha pede solidariedade para com Varsóvia na crise polaco-bielorrussa

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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, pediu hoje "solidariedade com a Polónia" na crise com a Bielorrússia e destacou que o regime de Minsk é responsável pelas "imagens horríveis" vistas na fronteira polaco-bielorrussa.

"O problema não é a Polónia", disse o chefe da diplomacia alemã, acusando as autoridades de Minsk de atraírem migrantes e "usar milhares de pessoas como reféns num jogo de poder cínico".

O ministro cessante, que interveio perante o parlamento na sequência do pedido do grupo parlamentar democrata-cristão para que sejam reforçadas as sanções contra o regime bielorrusso, sublinhou que a prioridade é a ajuda humanitária às pessoas que estão acampadas na fronteira.

"Os nossos valores comuns também devem ser aplicados nas fronteiras externas e, conforme exigido pelo Direito Internacional, a prestação de ajuda humanitária deve ser garantida", disse Maas.

O ministro defendeu ainda que é preciso combater a "rede ilegal de tráfico de seres humanos" promovida pela Bielorrússia, deixando claro aos Estados de origem dos migrantes e requerentes de asilo, aos países de trânsito e às companhias aéreas que os transportam que a União Europeia (UE) não tolera a situação atual.

Nesse sentido, Heiko Maas apontou como algo positivo que o Iraque e a Jordânia tenham suspendido os voos para a Bielorrússia.

O chefe da diplomacia alemã explicou que é difícil sancionar as companhias aéreas a nível comunitário, já que não estão a fazer nada de ilegal do ponto de vista formal, mas indicou, porém, que os Estados-membros podem deter pessoas envolvidas no tráfico de pessoas ou revogar os direitos de aterragem.

Além disso, Maas reiterou que a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE agendada para a próxima segunda-feira irá "expandir e fortalecer" as sanções existentes contra Minsk, deixando a porta aberta para outras medidas, como sanções económicas.

"Já foi muitas vezes dito que as sanções económicas reforçarão a dependência da Bielorrússia em relação à Rússia, mas chegámos a uma situação em que as consequências devem ficar mais claras", referiu.

Nesse sentido, Maas mostrou-se a favor de sancionar "setores tão importantes", como a indústria de potássio da Bielorrússia, e destacou que a maioria da UE apoia esta medida.

Por último, o ministro alemão indicou a importância de intensificar as campanhas de informação nos países de origem dos migrantes para acabar com "as mentiras dos traficantes e os rumores nas redes sociais".

A Alemanha é um dos países que poderá ser mais afetado pelas ameaças feitas hoje pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que ameaçou suspender o funcionamento do gasoduto Yamal-Europa, estrutura que atravessa a Bielorrússia para fornecer gás russo a vários países europeus, em particular ao mercado alemão e polaco, caso Bruxelas imponha mais sanções.

"Se nos impuserem novas sanções (...), teremos de responder", afirmou Lukashenko, segundo declarações citadas pelas agências internacionais.

"Estamos a aquecer a Europa e eles estão a ameaçar fechar a fronteira. E se cortarmos o gás natural que vai para lá? Aconselho os líderes polacos, lituanos e outros sem cérebro a pensar antes de falar", avisou o Presidente bielorrusso.

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a UE vai impor novas sanções a pessoas e empresas da Bielorrússia a partir da próxima semana, devido à situação na fronteira com a Polónia.

Von der Leyen, que esteve reunida com o Presidente norte-americano, Joe Biden, indicou também que "os Estados Unidos terão sanções [contra a Bielorrússia] em vigor em princípios de dezembro" pela mesma razão.