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Mediadores imobiliários alertam para 'asfixia' causada pelos portais imobiliários

Foto ASMIP
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A Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (ASMIP) alertou ontem para a "prepotência e concorrência direta" dos anunciantes do setor, que diz praticarem abusos de posições dominantes que têm de ser travados.

"Não estamos contra a existência destes portais, que fazem parte do negócio, mas não aceitamos as suas irracionais e crescentes tiranias em prejuízo da classe", denuncia a associação, em comunicado divulgado, mostrando-se preocupada com os encargos que têm aumentado sem garantia de resultados e sem garantia ao subscritor do serviço de um rácio de receita em relação ao investimento.

A associação explica que o aumento dos 'leads' pode criar ilusões porque, embora implique aumento do trabalho, traduz também um acréscimo de custos, mas sem garantir negócios.

"Criaram a necessidade com serviços iniciais gratuitos. Agora fazem uso dessa dependência para aumentarem preços e imporem regras, em alguns casos abusivas, chegando a fazer concorrência aos seus clientes na mediação e na intermediação de créditos, e/ou a permitirem-se vender o serviço a ilegais", acrescenta.

A associação diz que há incerteza perante o aumento do custo de algumas matérias-primas, da energia e da mão de obra, cara e escassa, que em conjunto podem provocar subidas dos preços, eventual abrandamento da procura e, consequentemente, redução do número de negócios.

A principal fatura das empresas de mediação tem vindo "a subir em flecha" por força da pressão de alguns portais, segundo a associação, explicando que, ao atingirem certos graus de monopólio, "se fazem valer disso para subirem preços, nalguns casos em 100%".

Cumulativamente, segundo a associação, são criadas as "mais variadas formas" de destacar imóveis, com acréscimos de custo, "sob pena dos que não pagam não surgirem nas pesquisas", o que, na prática, implica pagar para estar presente, mas a associação diz que "só investindo forte em destaques" se obtém resultados.

"Quem não o fizer é levado a crer que está condenado. No fundo é como comprar um carro, mas só pagando várias mensalidades extra o podemos utilizar! Este sistema é altamente prejudicial para a sobrevivência de muitas empresas de mediação", conclui no comunicado.

A associação defende que estas práticas constituem abusos de posições dominantes "que urge apontar e travar, sob pena de condenar inúmeras empresas, e respetivas famílias que delas dependem, em favor dos impérios financeiros, alguns externos ao país, que ditam estas práticas, e delas beneficiam em larga escala".